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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2020

Regula Rohland-Oeri

  À senhora Regula Rohland (1)   Riehen na Basileia, 23 de dezembro de 1950.   Prezada Regula! Quero expressar-lhe os meus pêsames pela morte de seu pai. Quando as forças falham, a participação na vida significa esforço e um grande cansaço cobre tudo, então a morte significa o benefício do sono. Uma vez que o mundo desapareceu, não se quer mais vê-lo surgir de novo. Somente nós, os vivos, somos alguém que perdemos alguma coisa e lamentamos esta perda. Tudo passa, e os túmulos são as mós da existência. Para os jovens, a morte dos pais abre novo capítulo da vida. Eles são agora os portadores da vida e do presente, e nada mais paira sobre eles do que um destino ainda não realizado. Para isso desejo-lhe toda a coragem necessária. Cordialmente, C. G. Jung.   (1) A senhor Regula Rohland-Oeri, nascida em 1912, era a terceira filha do Dr. Albert Oeri, amigo de Jung.

Hanna Oeri

  À Hanna Oeri (1)   Basileia, 23 de dezembro de 1950.   Prezada Doutora, O grande cansaço que vi e senti em meu amigo por ocasião de minha última visita a Basileia o levou rapidamente ao fim. Não se deve lamentar os falecidos – eles levam grande vantagem sobre nós – mas deve-se lamentar antes os que ficaram, que precisam contemplar a fugacidade da existência e suportar a despedida, a dor e a solidão. Sei o que significa para a senhora a morte de Albert, pois com ele partiu também o meu último amigo que ainda estava vivo. Nós somos uma sobra do tempo que passou e isto cada vez mais, a cada novo ano. O olhar se desvia do futuro do mundo dos homens no qual viverão os nossos filhos, mas não nós. Invejável é o destino daqueles que ultrapassaram o limiar, mas a minha empatia está com aqueles que precisam continuar seguindo o rio de seus dias, cumprindo a tarefa da existência na escuridão do mundo, num horizonte acanhado e na cegueira da ignorância, para ver toda sua existência...