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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2025

Ao Dr. Med. Fritz Meerwein

Clínica Psiquiátrica Friedmatt/Basileia, junho-julho, 1955   Prezado colega! Recordando o nosso encontro e considerando sua gentil carta, permita-me uma pergunta que me aflige há mais tempo. Como psiquiatra o senhor sem dúvida conhece bem o fenômeno que pode ser parafraseado, usando-se a metáfora do Novo Testamento do cisco no olho do irmão e da trave no próprio olho. O conceito de projeção, que emprego para isso e que assumi diretamente de Freud, é muitas vezes criticado nos círculos existencialistas, sem que eu entenda o que ele tem de errado. Parece-me que ele designa corretamente o fato da ilusão e da suposição inconsciente, pois atribuo ao meu próximo o que eu possuo em grande quantidade. Eu o transfiro de certa forma para ele. Como o senhor também faz restrições ao meu conceito de projeção, eu ficaria muito grato se o senhor me esclarecesse de boa vontade este assunto. Qual é o termo que o senhor usa para isto? Ou o senhor nega simplesmente a existência desse processo? ...

Ao Pater Lucas Menz, OSB

Abadia Ettal, Oberbayern/Alemanha, 26 de junho 1955.   Prezado Pater Lucas, Muito obrigado por sua resposta detalhada à minha carta e pelo relato de sua história de sofrimentos e alegrias. Pode-se dizer que a experiência da graça tem um preço elevado. Numa vida humana comum, os opostos nao se acham normalmente tão fendidos quanto no seu caso. Os sofrimentos e as alegrias são menores e, por isso, menos contrastantes. A luz e a sombra estão em relação complementar (Lao-Tse), assim também alegria e sofrimento. A questão da privation boni não é tão simples, pois se mal é igual a não-ser, então não existe realmente nada. Mas se eu matar alguém, então existe algo, isto é, um cadaver; ou se eu roubar de alguém 100 marcos, então eu os tenho e não ele. Pateticamente, o mal é tão real quanto o bem, pois ambos são fatos que uma pessoa chama de bem e a outra, de mal. Mal = não-ser significa que eu não fiz nada de mal, pois literalmente não fiz nada e nada está aqui, nenhum cadáver e ne...