Ao Dr. Erich Neumann Tel Aviv/Israel, 30 de janeiro de 1954. Prezado Neumann, Muito obrigado por sua amável carta. Estava escrevendo agora mesmo a Hull para inserir na edição inglesa de Symbole der Wandlung uma referência aos trabalhos do senhor (1). A passagem para o novo ano não transcorreu sem algumas dificuldades: o fígado e os intestinos se revoltaram contra a comida gordurosa do hotel de Locarno, o que, por outro lado, trouxe a vantagem de eu ter uma semana e meia a mais de férias do que o previsto. Já penetrei um bom pedaço em seu “Kulturentwicklung” (2) e poderei continuar com a leitura assim que me livrar da montanha de cartas, que se acumulou na minha ausência. Eu retribuiria sem mais com a denominação “gnóstico”, não fosse ela uma palavra injuriosa na boca de um teólogo. Eles me acusam do mesmo erro que eles mesmos cometem, isto é, a desconsideração presunçosa dos limites epistemológicos: quando um teólogo diz “Deus”, então deverá ser Deus, e exat...