Ao dr. Ernesto A. C. Volkening
Bogotá/Colômbia
Prezado Doutor,
31 de dezembro de 1949.
Como o senhor observa muito bem, o conceito de arquétipo é um assunto complexo. Em parte o arquétipo é um fator psicologicamente palpável, isto é, o inconsciente produz espontaneamente imagens arquetipicamente construídas. No que se refere à sua expressão, é evidente que estas imagens dependem sempre do lugar e do tempo. Mas o esquema das imagens é genérico e precisa ser considerado como preexistente, pois é possível comprová-lo até mesmo nos sonhos de crianças bem pequenas ou de pessoas sem cultura que não foram influenciadas de forma nenhuma pela tradição. A condição preexistente é irrepresentável, por ser totalmente inconsciente. Atua como um ordenador de material representável. E assim o arquétipo como fenômeno é, em parte, condicionado pelo tempo e pelo lugar, mas em parte é também um padrão estrutural, irrepresentável e independente do tempo e lugar, que poderia evidenciar-se como componente indispensável da psique, à semelhança dos chamados instintos. (...)
Com os melhores votos
para o Ano Novo, C. G. Jung.
Referência Bibliográfica:
JUNG, C. G. Cartas: 1946-1955 - Vol. 2. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 146.
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