Ao Pe. Victor White
Oxford
12 de maio de 1950
Dear Victor,
(...) 1 O seu
pensamento metafísico “postula” dúvidas minadas, isto é, pondera apenas nomes
para ousiai (2) insuficientemente
conhecidas. Essa é provavelmente a razão de o senhor ser capaz de integrar uma
sombra mh on, ao passo que eu só
consigo assimilar uma substância; pois para um pensamento “que postula”, o
“não-sendo” é exatamente tanto quanto um ens ou “on” como “sendo”, isto é, uma existência conceitual. O senhor
se movimenta no universo do conhecido, eu estou no mundo do desconhecido.
Suponho ser este o motivo por que o inconsciente para o senhor se transforma
num sistema de concepções abstratas. A anima lhe encobre a vista.
Visto que num
verdadeiro meteoro (3) (não na lúmen naturae) o atrito intensifica a
luminosidade, o senhor não deveria desprezar as diferenças de opinião. Estou
plenamente consciente delas.
Espero que consiga
arranjar as coisas para vir à Suíça quando estiver nas proximidades daqui.
Yours cordially, C. G.
(1) Na
primeira parte (omitida) da carta, Jung interpreta um sonho do padre White,
cujo texto nao temos. A segunda parte retoma a discussão sobre o problema do
mal. Jung responde a uma carta de White (04.05.1950) na qual ele dizia: “No
momento, sinto que aquela discussão (da privatio boni) chegou a um impasse. O
que me deixa perplexo é o fato de que foi precisamente a sua psicologia que me
tornou capaz de experimentar o mal como a “privatio boni”. De minha parte não
consigo atribuir nenhum sentido a termos psicológicos como “positivo-negativo”,
“integração-desintegração” se o mal não for privatio boni. Também não consigo
ver motivo algum para “integrar a sombra” – nem qualquer sentido – se a sombra
não for um bem privado do bem”! Jung retorna a este assunto em sua carta de
09-14.04.1952.
(2) Realidades.
(3) No
sonho do padre White, um meteoro voou sobre o lago de Zurique, perto de
Bollingen, onde estava sentado em companhia de Jung. Jung havia interpretado o
meteoro como “lúmen naturae”.
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