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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2020

Ao Dr. Ernesto A. C. Volkening

  Ao Dr. Ernesto A. C. Volkening   Bogotá, Colômbia   19 de agosto de 1950.   Prezado colega, Muito obrigado por seus votos de felicidade e por sua separata. Infelizmente não tenho grande familiaridade com a língua espanhola, mas pedirei a alguém para ler o seu trabalho e fazer um relato para mim. Seu debate com a orientação freudiana merece espaço bem amplo, pois a simplificação que faz a psique coincidir com um instinto tão importante quanto o sexual tem algo de enganoso e sedutor. Esta simplificação é perigosa, sobretudo nos dias de hoje, que se caracterizam por uma tendência iconoclasta, porque resolve numa forma aceitável ao preconceito geral um assunto extremamente complicado e difícil como é a psique. Não se percebe então que a psique não pode estar baseada necessariamente apenas no instinto da sexualidade, mas na totalidade dos instintos, e que esta base é apenas um fundamento biológico e não representa o edifício todo. Uma redução da psique total a seus inícios

A Hermann Hesse

  A Hermann Hesse   Montagnolha (Tessin)   19 de agosto de 1950.   Prezado senhor Hesse, Entre as muitas mensagens e felicitações que recebi pelos meus 75 anos, uma das quais mais me surpreendeu e alegrou foi a sua. Agradeço especialmente a sua Morgenlandfahrt (1) que separei para ler num momento de tranquilidade. Mas, desde o meu aniversário, este momento ainda não chegou, pois fui cumulado de uma enxurrada de cartas e visitas além do meu controle. Na minha idade trata-se de ir “devagar e com cuidado”, e minha capacidade de trabalho já não é como era, principalmente quando se tem no programa tanta coisa ainda a ser trazida à luz do dia. Comecei um pouco tarde com isso devido à dificuldade dos temas que me vieram à mente. Permita-me enviar-lhe como retribuição ao seu presente uma prova de prelo de minha última publicação que aborda também o campo literário (2). O senhor também já se encontra na categoria dos avançados em idade e por isso é capaz de entender bem a minha

Ao Prof. M. Bleuler

  Ao Prof. M. Bleuler (1)   Kantonale Heilanstalt Burghölzli   Zurique   19 de agosto de 1950.   Prezado colega, Sua gentil carta, com os votos de feliz aniversário (2), trouxe-me surpresa e grande alegria. Fiquei bastante comovido em receber esta mensagem cordial de meu antigo lugar de trabalho, onde começou tudo o que mais tarde aconteceu. Ainda mais que não tive o prazer de encontrá-lo em sua idade adulta. Lembro-me do senhor apenas como garoto, num tempo que para mim está no passado distante. Mas estão vivas em minha lembrança as impressões e o estímulo que recebi de seu pai, a quem sempre serei grato. Devo muito à psiquiatria e sempre me conservei interiormente próximo a ela, pois desde o início me preocupou um problema bem geral: de que estrato procedem as ideias tão impressionantes da esquizofrenia? As questões daí resultantes levaram-me aparentemente para bem longe da psiquiatria clínica e fizeram-me perambular pelo mundo todo. Nessas viagens aventureiras de