Ao Prof. M. Bleuler (1)
Kantonale Heilanstalt
Burghölzli
Zurique
19 de agosto de 1950.
Prezado colega,
Sua gentil carta, com
os votos de feliz aniversário (2), trouxe-me surpresa e grande alegria. Fiquei
bastante comovido em receber esta mensagem cordial de meu antigo lugar de
trabalho, onde começou tudo o que mais tarde aconteceu. Ainda mais que não tive
o prazer de encontrá-lo em sua idade adulta. Lembro-me do senhor apenas como
garoto, num tempo que para mim está no passado distante.
Mas estão vivas em
minha lembrança as impressões e o estímulo que recebi de seu pai, a quem sempre
serei grato. Devo muito à psiquiatria e sempre me conservei interiormente
próximo a ela, pois desde o início me preocupou um problema bem geral: de que
estrato procedem as ideias tão impressionantes da esquizofrenia? As questões
daí resultantes levaram-me aparentemente para bem longe da psiquiatria clínica
e fizeram-me perambular pelo mundo todo. Nessas viagens aventureiras descobri
tantas coisas que nunca sonhei em Burghölzli; mas a maioria rigorosa de
observar, que lá aprendi, acompanhou-me por toda parte e ajudou-me a entender
objetivamente a estranha psique.
Ao agradecer a sua
cordial mensagem, gostaria que transmitisse os meus agradecimentos também a
todos aqueles que tiveram a gentileza de assinar a sua carta.
Com saudações do
colega, C. G. Jung.
(1) Dr. Manfred Bleuler, nascido em 1903,
professor de psiquiatria na Universidade de Zurique e diretor da clínica
psiquiátrica de Burghölzli (1942-1970), filho e continuador do Prof. Eugen
Bleuler.
(2) Jung havia festejado o seu 75º aniversário no
dia 26 de julho de 1950.
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