Basileia, 21 de março
de 1951.
Prezado colega!
Somente agora consigo
agradecer sua amável carta de 26.12.1950. Foi para mim um grande conforto
receber os seus pêsames pela morte de meu último amigo mais chegado, Albert
Oeri (1). É possível sentir muito esta perda, sem se tornar culpado de
sentimentalismo indevido. Nessas ocasiões percebemos como a idade nos vai
conduzindo para fora do tempo e do mundo, para espaços desconhecidos, onde a
gente se sente algo isolado e estranho. Em seu livro (2), o senhor tratou com
tanta simpatia e compreensão as peculiaridades da velhice, que certamente terá
um coração compreensivo também para estado de espírito. A iminência da morte e
a visão do mundo in conspectu mortis (antes da morte) são de fato experiências
singulares: a sensação do presente se alarga para além do dia de hoje, revendo
séculos passados e tentando adivinhar um futuro ainda por nascer.
Com os sinceros
agradecimentos de C. G. Jung
(1) Cf.
Carta a Oeri, de 11.12.1920.
(2) A.
L. Vischer, Das Alter al Schicksal um Erfüllung, Basileia, 1942.
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