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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2021

Excerto de carta à Aniela Jaffé

  Zurique, 18 de julho de 1951.   Prezada Aniela, (...) Alegro-me especialmente pelo fato de a senhora ter conseguido penetrar no sentido da segunda parte de meu escrito (1). A maioria dos leitores ficou só na primeira parte. Eu pessoalmente prefiro a segunda parte porque está ligada à questão do presente e futuro. Se existe algo como ser arrebatado violentamente por um espírito, então foi desse modo que nasceu este escrito. (...)   (1) Trata-se do manuscrito de Resposta a Jó.

Ao Prof. Karl Kerényi

  Ascona, 12 de julho de 1951.   Prezado Professor! A rápida publicação e a bela apresentação de Einfühurung in die Mythologie (1) me supreenderam. É gratificante saber que este livro está agora bem preservado. As experiências que está fazendo atualmente (2) ocorrem inevitavelmente a quem se ocupa conscientemente com o mundo primitivo das imagens eternas. Ele se estende para além de si mesmo. Nele se confirma a opinião do velho alquimista: “maior autem animae pars extra corpus est...” (3). O senhor tem razão: em relação a seu pano de fundo arquetípico, as imagens banais de sonhos são mais instrutivas e de maior força probatória do que sonhos “mitologizados”, que são suspeitos de provirem de leituras. O caso que o senhor conta é muito interessante. Trata-se de um efeito consequente do modelo arquetípico. Estou muito interessado em ouvir os detalhes de suas experiências. Posso imaginar que para um mitólogo a colisão com arquétipos vivos seja uma experiência muito especial. Co

Ao Dr. Med. St. Wieser

Horgen em Zurique, 06 de julho de 1951.   Prezado colega, Agradeço muito a gentil informação sobre sua interessante experiência. Trata-se de um caso que chamaríamos de clarividência. Mas como é uma palavra que nada significa de mais relevante, também nada explica. Pode-se entender alguma coisa a mais desses acontecimentos se os observarmos dentro do grande contexto de fatos iguais e semelhantes. Lançando-se um olhar superficial sobre a soma dessas experiências, chega-se à conclusão de que existe algo como um “conhecimento absoluto” (1), não acessível à consciência, mas provavelmente ao inconsciente, ainda que apenas sob certas condições. De acordo com a minha experiência, essas condições dependem sempre de alguma emoção. Toda emoção mais profunda tem uma influência rebaixadora sobre a consciência, o que Pierre Janet chama de “abaissement du niveau mental” (2). Mas o rebaixamento da consciência significa por outro lado uma aproximação do inconsciente e, como este parece ter um ace