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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2022

To Dr. Ernest Jones

Elsted nr. Midhurst, Sussex/Inglaterra, 22 de fevereiro de 1952.   Dear Jones, As cartas de Freud em meu poder não são de importância especial. Contêm principalmente observações sobre editores ou sobre a organização da Sociedade Psicanalítica. E algumas outras são muito pessoais. Nada tenho contra a sua publicação. Em seu conjunto, não seriam uma contribuição importante para a biografia de Freud. Por outro lado, minhas recordações pessoais constituem um capítulo a parte. Elas têm muito a ver com a psicologia de Freud, mas, como não há outra testemunha além de mim, prefiro abster-me de narrativas não substanciais sobre o falecido. Esperando que entenda meus motivos, permaneço Very truly yours, C. G. Jung. (1) Ernest Jones, M. D., 1878-1958, psicanalista da “American Psychoanalytical Association” e da “Britsh Psychoanalytical Society” (1913). Autor de Sigmund Freud, Life and Work, 3 vols., Londres 1953-1957. Em 1920 fundou o International Journal of Psycho-Analysis e per

To Mr. J. Wesley Neal

Long Beach (Calif.)/ EUA, 09 de fevereiro de 1952.   Dear Sir, Não é fácil responder à sua pergunta sobre a “ilha da paz”. Parece-me que possuo uma porção delas, uma espécie de arquipélago de paz. Algumas das ilhas principais são: meu jardim, a vista das montanhas longínquas, minha casa de campo para onde vou quando quero fugir do barulho da vida na cidade, minha biblioteca. Também coisas pequenas, como livros, quadros e pedras. Quando estive na África, o guia do meu safári, um somali muçulmano, contou-me o que seu chefe de tribo lhe havia ensinado sobre o Chadir: “Ele pode aparecer-lhe como uma luz sem chama e sem fumaça, ou como um homem na estrada, ou como uma folhinha de capim”. Espero que isto responda à sua pergunta. Yours sincerely, C. G. Jung. JUNG, C. G. Cartas: 1946-1955. Vol. 2. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 215. Foto: Jardim da casa de C. G. Jung 

Ao Pastor Dr. Walter Ushadel

  Ao Pastor Dr. Walter Ushadel   Hamburgo, 06 de fevereiro de 1952.   Prezado Pastor, É extraordinariamente amável de sua parte querer dedicar-me o seu livro (1), e gostaria muito de aceitar esta dedicatória se eu tivesse certeza de que no futuro o senhor não se arrependerá por me haver dedicado o livro. Minha esposa chamou-me a atenção a respeito, sugerindo que isso pode acontecer e eu devo dar-lhe razão. Será publicado em breve um escrito meu bastante controverso, com o título Resposta a Jó . Infelizmente não posso entrar em detalhes sobre o que nele escrevi, mas apenas dizer-lhe que este escrito toma uma posição bem crítica diante do Javé veterotestamentário e consequentemente da recepção cristã do referido conceito de Deus. Mostrei o manuscrito a três amigos teólogos, e eles ficaram chocados. Por outro lado, várias pessoas mais jovens tiveram impressão positiva. Mas é fácil imaginar que meu escrito possa ter efeito devastador em meios de pensamento e sentimento ortodoxos

Para o Prof. John M. Thorburn

Para o Prof. John M. Thorburn (1) Upper Hartfield, Sussex/Inglaterra, 06 de fevereiro de 1952.   My dear Thorburn, Muito obrigado pelas duas cartas que me escreveu. Infelizmente não me lembro se respondi à primeira delas à mão, durante a ausência de minha secretária. Sei que era minha intenção fazê-lo, mas não sei se a concretizei. Eu simplesmente não dou mais conta de minha correspondência. Seja como for, respondo imediatamente à sua segunda carta e quero dizer-lhe o que penso daquela biografia. Em primeiro lugar, não gosto de biografias porque raras vezes são verdadeiras, e são interessantes apenas quando aconteceu alguma coisa na vida humana que os leitores possam entender. Enquanto as pessoas não entendem o que eu fiz com a psicologia, não há utilidade numa biografia. Minha psicologia e minha vida estão de tal forma entrelaçadas que minha biografia seria tão-só digna de leitura se tratasse também das coisas que descobri sobre o inconsciente. Fiquei muito interessante pe