To Barbara Robb (1)
Londres, 19 de novembro de 1952.
Dear Mrs. Robb,
Muito obrigado por sua amável carta que me
trouxe algumas informações valiosas. Minha discussão com Victor sobre a
privatio boni foi uma experiência infeliz (2). Por isso fico satisfeito em ter
algumas notícias a mais sobre este problema e, dessa vez, aparentemente mais
positivas, presumindo eu que o ponto fraco na doutrina da privatio boni também
foi percebido por Victor. Seu sonho sobre a palavra “evil” (3) é muito
instrutivo e bastante incomum em certo sentido. Ele contém resumidamente quase
tudo o que se pode dizer sobre o problema do mal. Vale a pena recordá-lo. O
segundo sonho (4) traz também uma demonstração excelente da estrutura dinâmica
dos opostos morais em geral.
Infelizmente minha doença nada tem a ver
com o tempo, ou apenas indiretamente, uma vez que o esplêndido verão me seduz
para uma atividade que supera minhas forças momentâneas. Estou me recuperando
devagar de meu esgotamento.
Agradeço mais um vez sua gentil informação.
Yours cordially, C. G. Jung
(1)Barbara Robb, psicóloga analítica. Cf. seu livro Sans Everthing: A case to answer,
Londres, 1957.
(2)Cf. carta a White, de 30 de junho de
1952, nota 4.
(3)No senhor, Mrs. Robb está jogando “anagrams”
com Jung, que lhe apresenta a palavra “evil”. Ela a muda para “live”, o que
parece agradar a Jung. Ao acordar, ocorreram-lhe ainda as seguintes palavras: “veil”
(mostrando cegueira para os horrores do mal do mal) e “vile” (simbolizando a
incapacidade de avaliar o bem do mal).
(4)No sonho, Mrs. Robb vê uma massa
giratória, semelhante a cabelos. Representa a energia psíquica que ela precisa
para fazer o bem ou o mal. Quando o movimento é no sentido dos ponteiros do relógio,
isto significa que sonhadora está fazendo o bem; e quando é no sentido contrário,
significa que está agindo mal. Quando os movimentos vão uma vez no sentido dos
ponteiros e outra vez no sentido contrário, então há um momento de absoluta paralisação,
e esta “condição neutra” poderá ser designada de privatio boni ou igualmente de
privatio mali.
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