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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2023

Ao Dr. James Kirsch

  Ao Dr. James Kirsch Los Angeles (Calif.)/EUA, 29 de janeiro de 1953.   Meu prezado Kirsch! Gostaria de agradecer-lhe bem pessoalmente a grande honra com a qual me distinguiu e a grande alegria que isto me proporcionou (1). Espero e desejo tudo de bom para o futuro de sua associação. Se eu tivesse um título doctor honoris causa a conferir, colocaria em sua cabeça o chapéu acadêmico mais do que merecido, como reconhecimento de sua atividade verdadeiramente notável e meritória em favor de “minha” psicologia, ainda que eu não reivindique qualquer direito de propriedade. Ela representa um movimento do espírito que tomou conta de mim e ao qual pude e tive de servir durante a vida toda. É isso que ilumina o crepúsculo de minha vida e me enche de juvenil serenidade: ter recebido a graça de colocar o melhor de mim a serviço de uma grande causa. O que o senhor escreve sobre o efeito que Jó exerceu nos analistas concorda plenamente com a minha experiência: o número de indivíd...

To William Hamilton Smith

  To William Hamilton Smith (1) Springfield (Mass.)/EUA, 26 de janeiro de 1953.   Dear Mr. Smith, Cada um é livre de crer o que lhe convém no caso de coisas sobre as quais nada sabemos. Ninguém sabe se existe reencarnação, mas também ninguém sabe se não existe. O próprio Buda estava convencido da reencarnação, mas perguntado duas vezes por seus discípulos sobre isto, deixou em aberto a questão se existia uma continuidade da personalidade ou não. É verdade que não sabemos de onde viemos nem para onde vamos, ou por que estamos aqui neste tempo atual. Penso que seja correto acreditar que havendo feito aqui o melhor que podíamos, também estamos preparados da melhor forma possível para coisas futuras. Yours sincerely, C. G. Jung. (1)Mr. Smith apresenta-se como “just a little fellow 58 years old and employed as a packer in a government arsenal (…) with an intense desire to know where I came from, where I am going and why I am here in the present time”. Tradução: “apenas ...

Ao Dr. Med. Ignaz Tauber

  Ao Dr. Med. Ignaz Tauber (1) Winterthur, 23 de janeiro de 1953.   Prezado colega! Muito obrigado por sua amável visita. Tive uma noite muito boa. Um quidinal bastou para sustar a taquicardia. Hoje vou melhor e já estou de pé. Ontem esqueci completamente de perguntar-lhe o que o senhor acha de seu fumar. Até agora eu venho fumando um cachimbo com condensação de água (2) pela manhã antes de começar o trabalho, um charuto pequeno, correspondente a um ou dois cigarros, após o almoço, outro cachimbo pelas 4 horas da tarde, um   charuto pequeno após o jantar e geralmente mais um cachimbo pelas nove e meia. Um pouco de tabaco ajuda-me na concentração e contribui para a paz de espírito. Peço também que me envie a conta dos honorários. O senhor teve a gentileza de trazer-me o Corhormon. Já tomei hoje uma injeção. Com sincera gratidão por seus conselhos, sou atenciosamente, C. G. Jung.   (1)Dr. Med. Ignaz Tauber, Winterthur; clínico geral e analista. Ele e su...

À Elisabeth Metzger

À Elisabeth Metzger Leonberg/Alemanha, 07 de janeiro de 1953.   Prezada senhora! Evidentemente a pessoa humana não é Deus; só a ele é possível conservar ou destruir a vida. A pessoa só tem possibilidades muito limitadas, mediante as quais pode escolher com liberdade prática dentro do alcance de sua consciência. Quando a causalidade é axiomática, isto é, absoluta, então não pode haver liberdade. Mas se for verdadeira apenas de forma estatística, o que de fato é o caso, então persiste a possibilidade da liberdade. A imagem paradoxal de Deus não é nenhuma inovação no sentido de ser realmente um novo na história do mundo. O próprio Deus do Antigo Testamento, bem como as divindades não cristãs são intrinsecamente contraditórios, e os não-cristãos também precisam viver e sempre viveram. Mas é certo que a pessoa se vê forçada, por uma imagem paradoxal de Deus, a entender-se com a sua própria paradoxalidade. Esta é na verdade a nossa tarefa da qual viemos fugindo até agora. Com...

To Dr. Mitchel Bedford

  To Dr. Mitchel Bedford Los Angeles (Calif.)/EUA, 31 de dezembro de 1952.   Dear D. Bedford, Quanto ao Dr. Buber (1) posso dizer-lhe que, ao que me consta, nunca houve o menor atrito pessoal entre nós e também não acho que Buber tenha sido alguma vez descortês comigo. O único problema dele é que não entende aquilo de que eu falo. Quanto a Kierkegaard, é sem dúvida uma excelente leitura para muitos, pois faz considerações cujo valor está em levar as pessoas a refletir sobre estas questões. Eu pessoalmente não o acho de muito bom gosto. Ouve-se falar muito dele mesmo, mas pouco daquela voz que eu preferiria ouvir (2). Não tenho opinião pessoal sobre Buber; encontrei-o poucas vezes e não gosto de formar opinião baseado em conhecimento insuficiente. Sincerely yours, C. G. Jung   (1)Cf. carta a White, de 30 de abril de 1952, nota 5. (2)Cf. carta a Künzli, de 28 de fevereiro e 16 de março de 1943; a Bremi, de 26 de dezembro de 1953.