À Elisabeth Metzger
Leonberg/Alemanha, 07 de janeiro de 1953.
Prezada senhora!
Evidentemente a pessoa humana não é Deus;
só a ele é possível conservar ou destruir a vida. A pessoa só tem
possibilidades muito limitadas, mediante as quais pode escolher com liberdade
prática dentro do alcance de sua consciência. Quando a causalidade é
axiomática, isto é, absoluta, então não pode haver liberdade. Mas se for
verdadeira apenas de forma estatística, o que de fato é o caso, então persiste
a possibilidade da liberdade.
A imagem paradoxal de Deus não é nenhuma
inovação no sentido de ser realmente um novo na história do mundo. O próprio
Deus do Antigo Testamento, bem como as divindades não cristãs são
intrinsecamente contraditórios, e os não-cristãos também precisam viver e
sempre viveram. Mas é certo que a pessoa se vê forçada, por uma imagem
paradoxal de Deus, a entender-se com a sua própria paradoxalidade. Esta é na
verdade a nossa tarefa da qual viemos fugindo até agora.
Com elevada consideração, C. G. Jung.
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