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A mostrar mensagens de março, 2023

To. Mr. E. Roenne-Peterson

To Mr. E. Roenne-Peterson (1) Estocolmo, 16 de março de 1953.   Dear Sir, A inseminatio artificialis poderia de fato tornar-se um problema público e legal numa sociedade em que veio a predominar um ponto de vista racionalista e materialista, e onde foram suprimidos os valores culturais como a liberdade de pensamento e relacionamentos humanos. Este perigo não está tão afastado que se possa desconsiderá-lo. Por isso é uma questão legítima quando alguém pergunta sobre as possíveis consequências de semelhante prática. Do ponto de vista da psicopatologia, o efeito imediato seria uma gravidez “ilegítima”, isto é, sem pai, ainda que a fertilização tenha ocorrido dentro do matrimônio e sob condições legais. Seria um caso de paternidade ignorada. Uma vez que os seres humanos são cada qual um indivíduo, e não algo intercambiável, o pai não poderia ser substituído artificialmente. A criança sofreria inevitavelmente os embaraços da ilegitimidade, ou da orfandade, ou da adoção. Esta condi

Ao Dr. Josef Rudin

  Ao Dr. Josef Rudin (1) Zurique, 14 de março de 1953.   Prezado Doutor! Devo-lhe meu agradecimento pelo gentil envio de seu ensaio sobre Jó (2). Na polaridade divina, trata-se psicologicamente de uma oppositio e não de contradictio (3), e por isso Nicolau de Cusa fala de “opposita”. A não-reciprocidade da relação homem-Deus é uma doutrina difícil (4). As criaturas seriam então coisas, mas não indivíduos livres, e qual seria o motivo para a encarnação se o destino da humanidade não afetasse a Deus? Também nunca se ouviu dizer que uma ponte levasse apenas a um lado do rio. A ideia original não é que o homem não pode exercer nenhuma compulsão sobre Deus? Mas que, por exemplo, a oração das pessoas pode chegar a Deus? E que pela encarnação Deus tornou-se muito mais acessível? Desculpe, por favor, estas perguntas ingênuas. Não precisam de resposta. Com elevada consideração, G. G. Jung.   (1)Prof. Dr. Phil. Josef Rudin, psicoterapeuta, professor no Instituto de Psicologia Apl

Ao Dr. Ignaz Tauber

Winterthur, 13 de março de 1953.   Prezado colega! Desculpe o meu atraso. Já deveria tê-lo informado há mais tempo. O Convenal teve bom efeito. Devido a um sonho abandonei completamente o fumo há cinco dias (1). A última queda do barômetro, dois dias atrás, não me afetou. Espero agora pela próxima. A nevada teria sido ideal em outras ocasiões. Dê minhas saudações especiais à sua esposa. Agradeço a sua carta. Por enquanto estou ainda de péssimo humor. O que fariam os deuses sem um sacrifício de fumar? Estou razoavelmente bem. Saudações cordiais de C. G. Jung.   (1)No dia 04 de fevereiro, Jung havia escrito ao Dr. Tauber: “Por certo tempo observei fielmente as rigorosas prescrições de abstinência, até que minha impaciência me levou novamente a algumas cachimbadas. Dos dois males pareceu-me ser o cachimbo o menor...”