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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2023

Gerhard P. Zacharias

  Ao Dr. Gerhard P. Zacharias (1) Zurique, 24 de agosto de 1953.   Prezado doutor! A leitura de seu manuscrito (2), até onde cheguei no momento, foi muito interessante e instrutiva. Acho que o senhor conseguiu, do ponto de vista teológico, assimilar com bastante abrangência os resultados da moderna psicologia do inconsciente, o que se assemelha a uma encarnação ou realização do logos . Assim como Orígenes entende a Sagrada Escritura como corpo do logos , também a psicologia do inconsciente pode ser entendida como um fenômeno de recepção. A imagem de Cristo, como a concebemos anteriormente, não surgiu por intermediação humana, mas o Cristo transcendental (“total”) criou para si um corpo novo e mais específico (3). O reino de Cristo, ou o âmbito do logos “não é deste mundo”, mas uma interpretação para além do mundo; por isso é tão lamentavelmente incorreto quando a teologia, toda vez que faz uma de suas inevitáveis afirmações contra naturam , procura ansiosamente uma desculpa ra

A uma destinatária não identificada

A uma destinatária não identificada Suíça, Bollingen, 03 de agosto de 1953.   Prezada M., Agradeço de coração os seus votos de feliz aniversário. Infelizmente não consigo lembrar-me, aqui em Bollingen, do que a senhora me enviou como presente. Foi tão grande a avalanche de cartas, flores e presentes que me inundaram de modo que não me lembro mais de nada, a não ser de sua carta com a questão central sobre a oração. Isto foi e é   um problema para mim. Alguns anos atrás, achava eu que todas as reinvindicações que iam além do que é , eram injustiçadas e infantis, de modo que não se deveria pedir nada que não fosse garantido. Não podemos lembrar a Deus de nada, nem prescrever-lhe coisa alguma, a não ser que ele nos queira impor algo que a limitação humana não pode suportar. Deve-se perguntar naturalmente se isso acontece. Acredito que a resposta é sim, pois se Deus precisa de nós como reguladores de sua encarnação e de sua conscientização, é porque em sua ilimitação ultrapassa tod

To Richard F. C. Hull

  To Richard F. C. Hull (1) Ascona/Ticino, 03 de agosto de 1953.   Dear Mr. Hull, Nenhuma objeção para usar minha analogia da formiga e do telefone (2). Na verdade, o experimento todo está enfeitiçado (3), muito mais do que eu disse. O velho mago teve um tempo glorioso. Há dois anos, quando eu elaborava as estatísticas, ele me olhou fixamente de uma pedra que está na parede de minha torre em Bollingen (4). Quando eu o esculpi, descobri sua identidade. Pensei que o tivesse exorcizado, mas eu estava de novo e obviamente enganado. A última notícia é que “Sincronicidade” vai aparecer com Pauli (5)! Sinceraly yours, C. G. Jung.   (1) Richard Francis Carrington Hull, nascido em 1913, Ascona, atualmente Palma-Mallorca, tradutor das obras e das cartas de Jung para o inglês. (2) Numa carta a Hull (16.07.1953), Jung usou as analogias mencionadas para esclarecer o cálculo de probabilidade de seus experimentos sincronísticos. Ambas foram assumidas na edição inglesa (Vol. 8, § 901