Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2023

To Father Victor White

  To Father Victor White, Oxford, 24 de novembro de 1953.   Dear Victor, Esqueça por um instante a dogmática e ouça o que a psicologia tem a dezer sobre o seu problema: Cristo como símbolo está longe de ser inválido (1), ainda que ele seja um lado do si-mesmo e o demônio seja o outro. Este par de opostos está contido no Criador como sua mão direita e esquerda, como diz Clemente Romano (2). Do ponto de vista psicológico, a experiência de Deus criador é a percepção de um impulso irresistível, provindo da esfera do inconsciente (3). Não sabemos se esta influência ou compulsão merece ser chamada de boa ou ruim, mesmo que não possamos deixar de saudá-la ou amaldiçoa-la, dando-lhe um nome bom ou mau, de acordo com a nossa disposição subjetiva. Javé possui os dois aspectos porque é essencialmente o criador ( primus motor ) e porque ainda é irrefletido em toda sua natureza. Com a encarnação a figura muda completamente, pois significa que Deus se torna manifesto na forma de homem que

To Dr. Edward A. Bennet

  To Dr. Edward A. Bennet, (1) Londres, 21 de novembro de 1953.   My dear Bennet, Muito obrigado pelo gentil envio do livro de Jones sobre Freud. O incidente à página 348 é correto, mas as circunstâncias em que ocorreu estão desvirtuadas (2). Trata-se de uma discussão sobre Amenófis IV: o fato de ele ter raspado dos monumentos o nome de seu pai e colocado o seu próprio; segundo modelo consagrado, isto se explica como um complexo negativo de pai e, devido a ele, tudo o que Amenófis criou – sua arte, religião e poesia – nada mais foi do que resistência contra o pai. Não havia notícias de que outros faraós tivessem feito o mesmo. Mas esta maneira desfavorável de julgar Amenófis IV me irritou e eu me expressei de maneira bastante vigorosa. Esta foi a causa imediata do desmaio de Freud. Ninguém nunca me perguntou como as coisas realmente aconteceram; em vez disso faz-se apenas uma apresentação unilateral e deformada de minha relação com ele. Percebo, com grande interesse, que a Roya

Ao Prof. Oskar Schrenk

Ao Prof. Oskar Schrenk Paris, 18 de novembro de 1953.   Prezado Professor, Muito obrigado por sua amável carta que recebi na primavera deste ano. Naquela época eu estava doente e não pude cuidar de minha correspondência, de modo que sua carta ficou esperando. No entanto, não gostaria de perder a oportunidade de voltar a ela, porque contém coisas importantes. O “professor e sua filha” (1) é uma imagem moderna bem conhecida para o arquétipo do velho e sua filha na gnose: Buthos e Sofia (2). O senhor deve lembrar-se da interessante história de amor de Sofia em Adversus Haereses de Irineu (3). Quando se lê sobre materiais arquetípicos, é de todo inevitável que sejam atingidas as imagens primitivas no nosso próprio inconsciente. Quando a gente lê livros que nos afetam pessoalmente, existe sempre o perigo da imitação, e há muitas pessoas que acham que assim está tudo resolvido. Mas se tivermos uma atitude crítica e honesta para conosco mesmos, percebe-se logo o engano. Tudo quer ser