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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2024

A Fernando Cassani

Caracas/Venezuela, 13 de julho de 1954.   Prezado senhor, Muito obrigado por sua amável carta. Quanto aos meus livros, posso dizer que nenhum deles apresenta uma síntese ou fundamento, ao menos na minha opinião. Não sou filósofo, que pudesse fazer algo tão ambicioso, mas um empírico que apresenta os progressos de suas experiências; por isso minha obra não tem um início absoluto nem um fim abrangente. É como a vida de uma pessoa que de repente se torna visível em algum lugar, que se baseia em pressupostos determinados mais invisíveis, e que portanto não tem um verdadeiro início nem verdadeiro fim, cessando repentinamente e deixando para trás questões que deveriam ter sido respondidas. O senhor não conhece ainda os meus últimos escritos (talvez os mais importantes). Incluo por isso uma lista deles. Quanto aos escritos de Ouspensky (1) e Gurdieff (2), sei o bastante sobre eles para não perder o meu tempo. Estou à procura de verdadeiro conhecimento e evito toda especulação nã...

To Carol Jeffrey

Londres, 03 de julho de 1954.   Dear Mrs. Jeffrey, Peço desculpas pela demora em responder. Tenho pouco tempo e às vezes minhas energias são poucas. Olhei os seus quadros com apreço e admiração. Fiquei surpreso com a sua pergunta: “Para quem pintei os quadros?” Eles são seus, e a senhora os pintou como apoio de seu próprio processo de individuação. Como o Jongleur de Notre-Dame exibiu suas obras de arte em honra da Madonna (2), assim a senhora pintou para o si-mesmo. Em reconhecimento a este fato, estou devolvendo para a senhora os quadros. Eles não devem ficar aqui, e em nenhum outro lugar a não ser com a senhora, pois eles representam a aproximação dos dois mundos, do espírito e do corpo, ou do ego e do si-mesmo. Os opostos se procuram mutuamente, de modo que o outro lado vem para cá e o aqui é engolido pelo lá. (...) De qualquer forma, agradeço o fato de me haver mostrado os seus quadros. Acredito que vá ajudar-lhe contemplá-los pro tanto tempo quanto for necessário para...

Ao senhor P. F. Jenny

Ao senhor P. F. Jenny Zurique, 01, de julho de 1954.   Prezado senhor, O aparecimento em público e o consequente sucesso estrondoso de uma criança-prodígio trazem um grande perigo; por isso um aparecimento sem estardalhaço não apenas não prejudica, mas é inclusive recomendável. O desenvolvimento de tal criança costuma ser irregular; não raro, parte da personalidade permanece longo tempo subdesenvolvida, ou seja, infantil, e este lado precisa ser protegido de um dispêndio exagerado de natureza psíquica e física; caso contrário, pode sobrevir um esgotamento prematuro das fontes do prodígio. Em muitos casos acontece que as crianças bem dotadas são envolvidas no grande mundo e em seu tumulto nervoso cedo demais para sua situação, esgotando-se então bem rapidamente seus dotes. Penso que o senhor faria bem se mantivesse sua atenção voltada para este lado subdesenvolvido; o gênio cuida de si mesmo. Com elevada consideração,  C. G. Jung