Ao senhor P. F. Jenny
Zurique, 01, de julho de 1954.
Prezado senhor,
O aparecimento em público e o consequente
sucesso estrondoso de uma criança-prodígio trazem um grande perigo; por isso um
aparecimento sem estardalhaço não apenas não prejudica, mas é inclusive
recomendável. O desenvolvimento de tal criança costuma ser irregular; não raro,
parte da personalidade permanece longo tempo subdesenvolvida, ou seja,
infantil, e este lado precisa ser protegido de um dispêndio exagerado de
natureza psíquica e física; caso contrário, pode sobrevir um esgotamento
prematuro das fontes do prodígio. Em muitos casos acontece que as crianças bem
dotadas são envolvidas no grande mundo e em seu tumulto nervoso cedo demais
para sua situação, esgotando-se então bem rapidamente seus dotes. Penso que o
senhor faria bem se mantivesse sua atenção voltada para este lado
subdesenvolvido; o gênio cuida de si mesmo.
Com elevada consideração,
C. G. Jung
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