Los Angeles (Calif. EUA), 10 de fevereiro de 1955.
Prezado Doutor,
Sou plenamente favorável à adaptação do
indivíduo na sociedade (1). Mas defendo o direito inalienável do indivíduo,
pois é o único portador da vida e está gravemente ameaçado hoje em dia pelo
processo nivelador. Até nos menores grupos ele só é aceito quando parece
aceitável à maioria. Deve resignar-se a ser tolerado. Mas a simples tolerância
não é estímulo; ao contrário, gera autodúvida, da qual sofre particularmente o
indivíduo isolado que tem algo a patrocinar. Não sou nenhum promotor do
isolamento e tenho a maior dificuldade de esquivar-me do ataque das pessoas e
da exigência dos relacionamentos. Sem um valor próprio, até mesmo o
relacionamento social não tem sentido.
Com elevada consideração, C. G. Jung
(1)Cf. carta ao Dr. Illing, de 26 de
janeiro de 1955. Em sua resposta, o Dr. Illing manifestou sua concordância com
o ponto de vista de Jung, mas salientou também o valor positivo da vivência
grupal para o desenvolvimento do indivíduo. A carta de Jung, de 10 de fevereiro
de 1955, foi publicada em Hans A. Illing, “Jung und die moderne Tendenz in der
Gruppentherapie”, Die Heikunst, Munique, caderno 7, julho de 1955.
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