Ao Prof. Edward Vernon Tenney (1)
Fresno (Calif.)/EUA, 23 de fevereiro de 1955.
Dear Dr. Tenney,
Foi grande satisfação receber uma carta sua. Eu me perguntei
várias vezes como estaria passando e como teria digerido todos aqueles assuntos
difíceis que devorou em Zurique. Percebi em sua carta que o processo digestivo
deu um passo à frente, o que é gratificante. Não tenho objeções a que aproveite
extratos de textos do seminário, mas devo preveni-lo de que nunca tive
oportunidade de revê-los e corrigir pequenos erros que aparecem espalhados no
texto inteiro. Gostaria de pedir-lhe que não publique nenhuma citação sem a
devida autorização. Vamos, agora, às suas perguntas:
1)(2)Falar em línguas (glossolalia) pode ser observado em
casos de êxtase (=abaissemente du niveau mental, predomínio do inconsciente). É
provável que a estranheza dos conteúdos inconscientes, ainda não integrados na
consciência, exija uma linguagem igualmente estranha. Como ela exige imagens
estranhas de caráter inaudível, existe também uma expectativa tradicional de
que a inspiração demoníaca espiritual se manifeste numa linguagem hierática ou
de outra forma incompreensível. Esta é também a razão por que povos primitivos
e civilizados ainda usam formas arcaicas de linguagem em ocasiões rituais
(sânscrito na Índia, copta antigo nas igrejas coptas, esloveno antigo nas
igrejas grego-ortodoxas, latim nas igrejas católicas, alemão medieval ou inglês
antigo nas igrejas protestantes). Há relatos de casos de médiuns que falavam
línguas estranhas que não conheciam quando em estado normal. Théodore Flournoy
em Genebra relatou um caso desses, demonstrando que se tratava de um sânscrito
criptomnésico; o médium o havia pego numa gramática de sânscrito de cuja
existência ninguém sabia (3). A criptomnésia dificulta enormemente a prova da
verdade desses casos.
2)A função curadora não é necessariamente uma característica
de individuação; ela é uma coisa em si mesma. Também não atua exclusivamente
através da transferência; isto é um preconceito freudiano. É evidente que a
cura pressupõe um modo e uma faculdade especiais de compreensão e compaixão.
3)No processo analítico as imagens visuais encontram-se
principalmente em pessoas do tipo visual. A maneira como se manifesta o
inconsciente depende muito do tipo funcional. Pode manifestar-se da maneira
mais inesperada e de várias formas. Sua história dos padres católicos é
deliciosa (4). É claro que estavam se protegendo do demônio que brotava daquilo
que o senhor dizia. Quando se discute problemas religiosos e se traz um ponto
de visa psicológico, colide-se imediatamente contra o concretismo da crença
religiosa. O senhor sabe que a Virgem foi assunta ao céu, e isto deve ser crido
de modo bem concreto. Mas nenhum teólogo sabe explicar-me se ela foi com sua
blusa, com outras peças de roupa, ou nua, ou o que aconteceu com suas roupas:
tornaram-se eternas também? Ou o que aconteceu com os micróbios que estão em
todo corpo humano: também eles se tornaram imortais? O senhor vê que a
psicologia leva em consideração todos esses aspectos heréticos, enquanto os que
creem a verdade concreta nunca pensam em tais coisas.
O senhor fez muito bem em não fundar nenhuma organização,
pois aí as coisas esclerosam.
Fico satisfeito em saber que Time publicou um artigo decente
(5). Eu temia que fizessem uma caricatura, como costumam fazer.
Outro aspecto desse concretismo é a rigidez da filosofia
escolástica, dentro da qual o padre White se retorce como pode. Ele é no fundo
uma pessoa honesta e sincera que se vê obrigado a admitir a importância da
psicologia, mas o problema é que ele sente grande ansiedade por causa disso. Infelizmente
a psicologia analítica toca no ponto fraco da Igreja, isto é, o concretismo
insustentável de suas crenças e o caráter silogístico da filosofia tomista.
Isto é naturalmente um terrível obstáculo, mas felizmente – poderíamos quase
dizer – as pessoas não percebem os contrastes conflitantes. Contudo, o padre
White não está inconsciente desses conflitos; eles constituem um problema
pessoa muito sério para ele. O mesmo acontece com o protestantismo: ali existe
a mesma dificuldade entre uma fé concreta ou histórica e uma compreensão
simbólica. Pode-se dizer que é um problema de nosso tempo se nossa mente é
capaz de um desenvolvimento tal que possa entender o ponto de vista simbólico
ou não.
Mantive recentemente uma correspondência epistolar com Upton
Sinclair; ele está para publicar minha última carta em New Republic (6). Quando
tiver oportunidade de ler esta carta, verá que tento insinuar o ponto de vista
simbólico numa atitude racionalista.
Espero ter respondido às suas principais perguntas.
Saudações à Mrs. Tenney.
Yours sincerely, C. G. Jung
(1)Dr. E. Vernon Tenney, professor de Filosofia, Fresno State
College, Califórnia, psicoterapeuta.
(2)O parágrafo a seguir sobre glossolalia, foi publicado em
Morton T. Kelsey, Tongue Speaking, Nova Iorque, 1964.
(3)Des Indes à la Planète Mars. Etude sur um cas de
somnambulisme avec glossolalie, Paris-Genebra, 1900. Como médico assistente em
Burghölzli, Jung leu o livro e propôs a Flournoy traduzi-lo para o alemão. Cf.
Memórias, p. 324.
(4)Tenney escreveu a Jung sobre dois padres católicos que
rezavam de olhos fechados durante sua conferência sobre Psicologia e Religião.
(5)O Time (Chicago) publicou em 14 de fevereiro de 1955, um
longo artigo sobre Jung, com o título “The Old Wise Man” (p. 62-68), com várias
ilustrações e uma fotografia de Jung na página de abertura. O autor do artigo
não assinado é Leonard Bernstein.
Consulte em:
https://time.com/archive/6609373/medicine-the-old-wise-man/
(6)A carta de Jung a Sinclair, de 07 de janeiro de 1955 (a
penúltima), foi publicada em The New Republic, Washington 21 de fevereiro de
1955.
“The Old Wise Man” – “O Velho Sábio” - Revista Time de 14 de fevereiro
de 1955. (em tradução livre).
“Freud, Adler e Jung — esses nomes
personificam, acima de todos os outros, a exploração inquieta do homem moderno
de sua própria mente, suas lutas por autoconhecimento e pelo controle de seus
impulsos mais obscuros. No século XX, impelida pela teoria detalhada e dogma
dos Três Grandes, a psicologia irrompeu das salas de consulta e clínicas,
espalhando-se por toda a vida e não deixando nada intocado — nem o amor, nem a
máquina, guerra, nem política, nem arte, nem moral, nem Deus. Dos três
pioneiros que construíram esta Era da Psicologia, Freud e Adler estão mortos. O
terceiro, Carl Gustav Jung, ainda está aos 79 anos, aventurando-se
incansavelmente pelos vastos limites da psique.
Na semana passada, envolto pela fumaça de
cachimbo que serpenteava por seu ralo cabelo branco e lhe dava o aspecto de um
alquimista medieval, Jung estava ocupado no estudo de sua casa antiquada e de
teto alto em Küsnacht, no Lago Zurique. A obra de três volumes na qual ele
estava pontuando o último "i" parecia estranha para um psiquiatra
moderno: Representação dos Problemas dos Opostos na Filosofia Natural Medieval.
“Bem abstruso, hein?”, disse Jung a um visitante. Então o riso balançou seus
ombros pesados. “Eu preciso rir! Tenho um trabalho danado para fazer as pessoas
entenderem o que quero dizer”.
Para um homem que adicionou palavras como
introvertido, extrovertido e complexo (em seu significado psicológico) ao
discurso de milhões, Jung tem de fato grande dificuldade em fazer as pessoas
entenderem o que ele quer dizer. Isso se deve em parte ao fato de que ele
explorou ioga, alquimia, contos de fadas, os ritos tribais dos índios Pueblo,
filósofos românticos alemães, zen budismo, percepção extrassensorial e os
desenhos rupestres do homem pré-histórico, juntamente com cerca de 100.000
sonhos. Mas quando o Dr. Jung é acusado de ter abandonado a medicina pelo
misticismo, ele responde que a psiquiatria deve levar em conta toda a
experiência do homem, desde a mais intensamente prática até a mais tenuemente
mística.
Se os detalhes de seu trabalho são às
vezes nebulosos, seu propósito geral é claro: ajudar o homem a viver em paz com
seu inconsciente. Esse é o objetivo também dos outros “psicólogos profundos”,
mas Jung difere significativamente dos outros. Ele é um desafio constante ao
legado de seu antigo mestre, Sigmund Freud, cujos ensinamentos afetaram a visão
do homem sobre si mesmo mais profundamente do que qualquer coisa desde a teoria
da evolução por seleção natural de Darwin.
A Visão Freudiana.
Durante a maior parte da era cristã, a
cura da mente era considerada parte do reino da alma. O Iluminismo aboliu a
alma. Seu lugar foi tomado, nas mentes de milhões, pela razão, que estava no
topo de uma pilha trêmula de instintos.
Quando Freud era jovem, a investigação
científica e o materialismo reinavam até mesmo na psiquiatria. A pesquisa tinha
como objetivo encontrar causas fisiológicas para efeitos psíquicos. A grande
contribuição de Freud foi sua descoberta da mente inconsciente, a fonte dos
impulsos humanos que não se encaixavam nesse sistema estreito.
Mas Freud ainda se apegava ao
cientificismo mecânico e material de sua época. Ele construiu um novo esquema
detalhado e mecânico da mente. O vapor que fazia a máquina funcionar era a
energia sexual ou libido. Na visão de Freud, o inconsciente estava abarrotado
de material emocional, comumente pensado como esquecido, mas na verdade
reprimido por causa de um conflito entre impulsos movidos pelo sexo e padrões
pessoais ou sociais do que é aceitável.
Freud concluiu que, para livrar os
pacientes de suas neuroses, ele tinha que desenterrar o material reprimido e
expô-lo aos processos de limpeza da mente consciente. O conceito freudiano de
libido foi eventualmente ampliado para incluir amor, amizade e até mesmo
devoção a ideias abstratas. Mas Freud insistiu estreitamente que o desejo
infantil de parricídio e incesto que ele chamou de Complexo de Édipo, era
crucialmente importante em todos os seres humanos. Como Jung disse de forma
mordaz: “O cérebro é visto como um apêndice das glândulas genitais”.
Alfred Adler, de Viena, um dos primeiros
discípulos de Freud, logo rejeitou essa visão de que sexo é tudo e formulou sua
teoria de que os seres humanos são mais movidos por impulsos de poder por causa
de sentimentos inerentes de inferioridade. Mas no mundo freudiano, o ser humano
está sozinho, sem vontade de fazer escolhas morais livres, condicionado por
impulsos misteriosos e traumas sobre os quais ele não tem controle. Trabalho
criativo, boas ações, ambição são apenas “sublimação”. A religião é geralmente
uma forma de neurose; Deus é uma projeção da imagem do Pai.
É contra essa visão da vida, essa
“psicologia sem psique”, que Jung protesta em toda a sua obra.
A Resposta Junguiana.
O inconsciente do homem, argumenta Jung,
não é meramente uma cesta de lixo para experiências desagradáveis jogadas
fora pela mente consciente, mas um vasto depósito subterrâneo cheio de bem e
mal. Na maior parte, as afeições, aspirações e medos humanos eternos são apenas
o que parecem ser. A religião não é uma neurose, na visão de Jung; é uma
necessidade humana profunda e universalmente sentida.
Jung concede grande mérito a Freud,
acredita que seus métodos funcionam com alguns pacientes, notavelmente os mais
jovens com problemas sexuais reais. Mas, diz Jung, tanto Freud quanto Adler
dizem para tudo. “‘Você não é nada além de...’ Eles explicam ao sofredor que
seus sintomas vêm daqui ou dali e são ‘nada além de’ isto ou aquilo... A
sexualidade, é verdade, está sempre e em todo lugar presente; o instinto de
poder certamente penetra nas alturas e profundezas da alma; mas a alma em si
não é somente uma ou outra, ou mesmo ambas juntas... Uma pessoa é apenas meio
compreendida quando se sabe como tudo nela surgiu. Apenas um homem morto pode
ser explicado em termos do passado... A vida não é feita apenas de ontem...”
A visão de Jung está ganhando cada vez
mais respeito entre intelectuais, clérigos e leigos comuns. Ela também se
reflete entre analistas.* A maioria dos analistas são freudianos
dedicados que conduzem sua profissão como uma espécie de loja fechada e descartam
Jung como um escapista das duras realidades da vida. Mas há uma fragmentação
constante: além dos junguianos e adlerianos, há todo um espectro de
desviacionistas — seguidores de Karen Horney, Otto Rank, Erich Fromm, Harry
Stack Sullivan, Franz Alexander, Melanie Klein. Há também cada vez mais
ecléticos que derivam a maior parte de sua teoria de Freud, mas acrescentam um
pouco de Jung ou Adler ou uma pitada de Horney e Sullivan. Muitos deles hoje em
dia admitem que a análise freudiana pode ter sido baseada muito estreitamente
em impulsos sexuais, e que outros assuntos — até mesmo religião — talvez devam
ser considerados. Escreve Milton Sapirstein, um analista da escola freudiana:
“Cada vez mais, os psiquiatras parecem preparados para aceitar as dependências
da religião, das causas sociais e dos movimentos de grupo como saudáveis e
necessárias, sem rotulá-las de ‘homossexualidade sublimada’ a uma figura
paterna ou um desejo de retornar ao útero da mãe.”
Freud foi o Colombo que descobriu o
hemisfério do inconsciente. Jung pode muito bem ser o Magalhães que
circunscreve toda a esfera da psique.
Duplo Inconsciente.
Na hipótese junguiana, a mente tem três
camadas: 1) o consciente, que é quase o que todo mundo pensa que é; 2) o
inconsciente pessoal (correspondendo, mas apenas aproximadamente, ao
inconsciente de Freud), no qual vão fatos esquecidos e material emocional
reprimido; e 3) o inconsciente coletivo, que é parte da herança de toda a raça
humana e, portanto, uma espécie de reservatório comum contendo os instintos e
alguns padrões de comportamento mental.
O que impulsiona a máquina psíquica?
Libido, diz Jung, mas ele usa a palavra diferentemente de Freud: a libido de
Jung inclui toda a energia psíquica. Ela pode fluir, diz Jung, em qualquer uma
das duas direções, em qualquer uma das duas dimensões. Quando ela está fluindo
para a frente, do inconsciente para o consciente, um homem sente que a vida
está correndo suavemente enquanto ele cuida de seus negócios. A energia
psíquica também deve fluir no sentido inverso, do consciente para o
inconsciente, como quando um homem relaxa de um estado ativo para um estado
pensativo ou sonhador. Mas se esse fluxo reverso durar muito tempo, a libido
está sendo atraída para algo no inconsciente que está se agitando em direção à
consciência. Se isso não for tornado consciente, atrairá ao seu redor material
semelhante que então forma um nó ou complexo.
A energia psíquica também pode fluir para
dentro ou para fora. Se em um indivíduo ela geralmente vai para fora, ele é um
extrovertido. Quando ele percebe um objeto ou situação, sua primeira reação é
projetar sua energia no objeto e para longe de si mesmo. Mas se flui para
dentro, ele é um introvertido, e sua primeira reação é ao longo das linhas de “O
que isso fará comigo?” Jung então divide os tipos de personalidade em quatro
classes, dependendo de qual das principais funções psíquicas eles dependem mais
fortemente: sensação, pensamento, sentimento ou intuição. Como qualquer um pode
ser extrovertido ou introvertido em combinação com qualquer uma das quatro
funções principais, Jung reconhece oito tipos básicos de personalidade. Mas ele
disse repetidamente — infelizmente para o dogmatismo de língua grossa da
conversa de coquetel — que todo mundo é uma mistura suficiente para que os rótulos
sejam apenas um guia aproximado. Na verdade, existem algumas almas raras que
desafiam a classificação.
Arquétipos para Todos.
As coisas não são tão simples no
inconsciente junguiano. Lá, Jung vê uma série de símbolos que representam os
arquétipos. Ao escrevê-los, Jung, que tem um estilo e imaginação vívidos, às
vezes soa quase como se estivesse escrevendo sobre seres vivos. Mas os
arquétipos de Jung são simplesmente padrões antigos de experiência e sentimento
humanos, repetidos várias vezes em todas as eras e culturas. Eles ocorrem em
duas formas principais: 1) em pensamentos, sonhos e visões individuais; 2)
projetados como mitos, costumes ou crenças.
Quando Jung começou como analista
praticante, ele descobriu repetidamente que símbolos e rituais antigos eram
repetidos nos sonhos de pacientes do século XX que não poderiam ter ouvido ou
lido sobre eles. Ele concluiu que o inconsciente coletivo da humanidade 1) é
muito anterior à evolução da parte consciente da mente e 2) forma os mesmos
padrões básicos repetidamente. Em cada indivíduo, é claro, os padrões são
organizados de forma diferente. (Jung compara isso ao corpo, que é composto dos
mesmos órgãos em todos os seres humanos, mas com variações individuais
significativas.)
Geralmente classificado como o arquétipo
mais óbvio — embora pertença em grande parte ao consciente — é a persona. Esta
era a palavra do ator romano para a máscara que ele usava para indicar seu
caráter assumido, e Jung a usa no mesmo sentido: o rosto que cada indivíduo
apresenta ao seu entorno. Envolve uma certa quantidade de atuação necessária e
saudável, facilitando as relações entre o mundo interior de um homem e o mundo
ao seu redor. A persona é prejudicial apenas quando domina a verdadeira
personalidade por baixo.
Um perigo então é que a persona cegará um
homem para a existência de sua própria sombra. Essa sombra, parte do
inconsciente pessoal, é o Mr. Hyde em todo Dr. Jekyll, o elemento inferior ou
maligno que quer fazer o que o consciente ou a consciência proíbe. É necessário
controlar a sombra, mas há perigo: quanto mais firmemente ela for estampada,
maior será a força com a qual ela eventualmente irromperá.
Anima, Mãe-Terra e Self.
Mais profundamente no inconsciente
coletivo, Jung vê a anima, uma personificação do “princípio feminino” no homem.
Com isso, Jung quer dizer todos os traços no homem convencionalmente
considerados femininos, por exemplo, gentileza e apreciação das coisas mais
finas, mas também mesquinharia e raiva. Mais importante, a anima também permite
que o homem “apreenda a natureza das mulheres” — é a imagem inconsciente do que
uma mulher deve ser. Isso pode variar de Helena de Tróia a Ela, de Rider
Haggard, à atriz ruiva de 20 anos com quem um velho professor universitário
foge. A anima, explica um discípulo de Jung, “tem atributos que aparecem e
reaparecem através dos tempos... Ela sempre parece jovem, embora muitas vezes
haja uma sugestão de anos de experiência... Ela é sábia, mas não
formidavelmente; é antes que ‘algo estranhamente significativo — algo como conhecimento
secreto... se apega a ela.’ “Quando essa imagem é projetada em uma mulher de
carne e osso, um homem se apaixona, mas surgem problemas quando ela não
consegue se encaixar em seu design pré-fabricado inconsciente”.
Correspondendo à anima na mulher está o
animus, a personificação de todas as características masculinas em uma mulher e
sua imagem coletiva e herdada do homem.
Os próximos mais importantes entre os
arquétipos são o velho sábio e a mãe-terra. O velho sábio pode aparecer em
sonhos ou fantasias como um rei ou herói, curandeiro, mágico ou salvador (para
os pacientes do Dr. Jung, ele frequentemente aparece como Dr. Jung). Um pouco
disso, Jung sustenta, é bom: todo homem tem em si as sementes da grandeza; e é
bom que ele esteja ciente disso. Mas um homem anormalmente receptivo à ideia
pode se tornar o líder de uma seita revivalista de olhos arregalados, com
delírios messiânicos, ou um Hitler, ou simplesmente um Napoleão de hospício.
O arquétipo feminino correspondente é a
mãe-terra — a própria fonte da vida. Mas se uma mulher se torna “inflada” com a
ideia e se vê dotada de uma capacidade inigualável de entender os problemas dos
outros, ela pode se tornar uma super-benfeitora ou estreitar seu círculo de
influência maternal até que estrangule os objetos de sua devoção.
Finalmente, elevando-se sobre uma série de
arquétipos menores, está o Self transcendente. Ele incorpora elementos tanto do
consciente quanto do inconsciente, de todos os arquétipos, do bem e do mal. É
um símbolo de unidade, como é encontrado em muitas religiões, por exemplo, o
atman hindu.
O conceito de Self de Jung leva ao
processo importantíssimo que ele chama de individuação. Esse é o tipo de
totalidade que Jung encontrou muitos de seus pacientes buscando
inconscientemente depois de terem sido realmente curados da neurose. A
individuação pode ser uma tarefa para a vida toda (“Normalmente o analista
morre antes do paciente”, diz um analista junguiano). Ao conhecer mais e mais
aspectos de seu inconsciente, o sujeito pode dar valores adequados ao que antes
eram impulsos meio-sentidos e perturbadores. Individuação é “encontrar o Deus
interior”.
A Necessidade de Símbolos.
Nesse processo, os símbolos ajudam. Um que
particularmente fascina Jung é a mandala,** um padrão quadrado e de roda
que incorpora o número quatro ou um múltiplo dele. Uma pedra preciosa,
frequentemente equiparada à pedra filosofal dos alquimistas, pode simbolizar o
Self. A Árvore da Vida entrelaçada, semelhante a uma figueira-de-bengala, é
frequentemente vista carregando uma única flor luminosa — talvez a Flor Dourada
do Oriente, ou uma estrela de árvore de Natal — que significa o modo de vida
que é a própria vida.
Que lugar esses símbolos têm na psicologia
moderna? Diz Jung: eles são fatos. Eles aparecem dia após dia nos sonhos e
rabiscos dos pacientes. Se, por exemplo, um paciente sonha com uma cobra
erguida em direção ao céu, um analista freudiano automaticamente a chamará de
símbolo fálico. Jung admite que pode significar isso. Mas também é um fato que
a serpente tem um significado muito mais amplo. Por exemplo, para os gnósticos
ofitas (século II d.C.), a serpente simbolizava o princípio redentor do mundo.
Ela pode representar, diz Jung, o reconhecimento do lado sombrio da vida, a
revelação do mal. Argumenta Jung: Por que não testar a hipótese de que ela pode
representar o mesmo desejo em um paciente moderno? Além disso, diz Jung, os
pacientes que muitas vezes ficam chocados com o aparecimento de tais símbolos
em suas mentes, temendo que sejam sinais de quase insanidade, ficam tranquilos
quando descobrem que eles estão apenas repetindo antigos padrões humanos.
Em uma era religiosa, de acordo com Jung,
o homem não precisaria se familiarizar conscientemente com seus arquétipos,
porque a religião fornece seus próprios símbolos. Mas o cristianismo se tornou
tão enfraquecido a esse respeito — em grande parte por meio da Reforma
Protestante, diz o protestante Jung — que para milhões seus símbolos agora não
significam nada. Por essa razão, diz Jung, o catolicismo romano é geralmente
mais eficaz hoje do que outras igrejas, e ele raramente encontra católicos
precisando de individuação. Diz Jung: “[O catolicismo] é uma religião completa.
O protestantismo não é. As religiões consistem em uma doutrina e um rito. O
ritual não existe no protestantismo: ele tem apenas uma perna para se sustentar
— a justificação somente pela fé. A Igreja Católica também tem o rito, com
todos os seus efeitos mágicos.” O próprio Jung não vai à igreja há anos, mas
quando perguntado se acredita em Deus, ele diz: “Eu não poderia dizer que
acredito. Eu sei! Eu tive a experiência de ser agarrado por algo que é mais
forte do que eu, algo que as pessoas chamam de Deus.”
Inconscientemente, pelo menos, diz Jung,
muitos homens modernos buscam o conforto e a segurança dos símbolos religiosos.
É por isso que muitos tentam importar religiões orientais estranhas; outros se
voltam para demagogos e ismos (que Jung considera erupções vulcânicas do
inconsciente), e outros ainda vão ao analista. “Nosso coração brilha, e a inquietação
secreta corrói as raízes do nosso ser... Lidar com o inconsciente se tornou uma
questão de vida para nós.” Portanto, o homem que não consegue encontrar
símbolos religiosos deve ser ajudado pelo analista a entender os símbolos em
seu próprio inconsciente. “Tratei centenas de pacientes... Entre [aqueles] na
segunda metade da vida — ou seja, com mais de 35 anos — não houve um cujo
problema em última instância não fosse encontrar uma perspectiva religiosa
sobre a vida...”
Sonho de um passeio de carroça.
As diferenças práticas entre os métodos de
Freud e Jung aparecem claramente no caso de um empresário bem-sucedido que foi
a um junguiano em busca de ajuda. Aos 51 anos, ele desenvolveu uma fobia contra
viagens de trem ou de avião, expressa em ansiedade incontrolável e ataques de
tontura.
Apesar da idade do paciente, o
psicanalista freudiano ortodoxo o teria colocado em um divã e o convidado a
falar em “associação livre”, especialmente sobre sua primeira infância.
Objetivo: encontrar um choque específico relacionado à sua vertigem ou algum
estresse emocional reprimido.
O analista junguiano não usa divã, mas tem
o paciente sentado em uma cadeira e de frente para ele. Essa configuração
representa um encontro de iguais: diferentemente de Freud, que queria que o analista
ficasse em segundo plano,*† Jung acredita que o médico deve compartilhar
totalmente a experiência emocional da análise.
O analista junguiano está preocupado
principalmente com o presente e o futuro. Este empresário carregou uma carga de
trabalho muito pesada por anos. Agora, de seu inconsciente, vêm sintomas que o
forçam a cortar suas atividades. Inconscientemente, ele deve querer
desacelerar. Para ajudar o analista a encontrar possíveis motivos
inconscientes, o empresário é solicitado a falar sobre seu trabalho e viagens
(isso não é associação livre, o que, argumenta Jung, tende a afastar do foco de
interesse).
Após várias sessões, o empresário conta um
sonho: “Estou sentado em uma grande carroça, carregada de feno, que estou
dirigindo de volta ao celeiro, mas a carga de feno é tão alta que o lintel da
porta do celeiro me bate na cabeça, de modo que caio do assento e acordo
aterrorizado no ato da queda.” Para o freudiano, o celeiro é um símbolo da
genitália feminina; o sonho representa uma tendência a retornar ao útero, mas
como isso tem tons de desejo incestuoso, seria seguido de punição (castração).
Um adleriano interpretaria a carroça sobrecarregada como uma vontade exagerada
de poder, em compensação por um complexo de inferioridade.
O analista junguiano leva o sonho mais
literalmente. Após examiná-lo e reexaminá-lo no contexto da vida do paciente
(Jung desconfia de todas as teorias de sonhos estabelecidas), o analista sugere
este significado: o paciente sobrecarregou sua carroça além de sua capacidade;
como resultado, suas intenções conscientes recebem um golpe. O sonho é uma
tentativa do inconsciente de restabelecer o equilíbrio de uma atitude
extrovertida exagerada que está se tornando cada vez menos apropriada à medida
que o empresário envelhece.
Essa interpretação nega ao paciente a
saída freudiana fácil — um trauma de infância para usar como bode expiatório.
Ele enfrenta a responsabilidade de revisar seus objetivos na vida. Nesse caso,
o empresário percebeu que tinha vivido uma vida unilateral. Ele não apenas
desacelerou, mas ficou satisfeito em fazê-lo — e pôde fazer viagens sem
ansiedade ou vertigem.
Junguianos costumam dizer que depois que
um paciente é curado de uma neurose na análise freudiana, sua “alma foi
esterilizada”. Diz Jung: “A neurose contém a alma da pessoa doente, ou pelo
menos uma parte considerável dela, e se a neurose pudesse ser retirada como um
dente cariado, de forma racionalista, então o paciente não teria ganho nada e
perdido algo muito importante, assim como um pensador que perde sua dúvida
sobre a verdade de suas conclusões, ou um homem moral que perde suas
tentações... O indivíduo [deve] escolher seu próprio caminho conscientemente e
com decisão moral consciente”.
Pais e Filhos.
Um dos problemas do homem moderno, segundo
Jung, é que ele perdeu o contato com suas raízes. Os americanos, por exemplo,
ele acha que ainda não estão em casa em seu inconsciente em um continente
arrancado tão recentemente da natureza; isso produz tensão e ajuda a explicar a
energia empreendedora da América.*‡ O próprio Carl Jung não se preocupa
com a falta de raízes. Ele vem de uma longa linhagem de pastores da Igreja
Reformada Suíça. Embora tenha viajado por todo o mundo, da Índia (onde
lecionou) ao Quênia (onde viveu com uma tribo primitiva perto do Monte Elgon),
a casa de Jung é a mesma casa que ele e sua esposa Emma construíram em 1908.
Ele teve uma infância solitária em Basel,
começou a aprender latim aos seis anos e cresceu no que mais tarde
classificaria como “um tipo introvertido com a função dominante de pensar”. Sua
primeira ambição era se tornar um arqueólogo ou paleontólogo. “Ele ainda fica
emocionado com a notícia de uma escavação”, diz um discípulo. “Mas nós também
carregamos história dentro de nós, e ele a desenterrou lá.”
Em grande parte para agradar seu pai, Jung
escolheu medicina. Ele logo ficou fascinado pela psiquiatria. Em 1900, o
recém-formado Dr. Jung foi para Zurique como assistente na famosa clínica
psiquiátrica da antiga universidade. Depois que descobriu os escritos de Freud,
Jung criou testes de associação de palavras que foram aclamados como prova da
teoria básica de Freud sobre a repressão. Jung e seu chefe, Dr. Eugen Bleuler,
deram às teorias freudianas um desejado prêmio de respeitabilidade por meio da
prestigiosa clínica de Zurique. Em 1907, Jung foi para Viena para passar duas
semanas com o mestre. “No primeiro dia, conversamos por 13 horas”, ele
relembra. “Conversamos sobre tudo. Mas eu não conseguia engolir seu chamado
positivismo científico, sua visão meramente racional da psique e seu ponto de
vista materialista.”
Mais tarde, cruzando o Atlântico juntos a
caminho de dar palestras na Clark University em Worcester, Massachusetts, Freud
e Jung debateram incansavelmente sobre problemas psicológicos e analisaram os
sonhos um do outro. Freud colocou Jung no papel de seu filho intelectual e
herdeiro. Mas os dias felizes acabaram. Em Munique, em 1912, Freud repreendeu
Jung por escrever sobre psicanálise sem mencionar o nome do fundador. A
conversa voltou-se para o rei egípcio Amenhotep IV como fundador de uma
religião. “Ele é quem riscou o nome de seu pai nos monumentos”, disse Freud. “Sim.”
Jung respondeu, “mas com isso você não pode descartar Amenhotep. Ele foi o
primeiro monoteísta entre os egípcios. Ele era um grande gênio, muito humano,
muito individual. Que ele tenha riscado o nome de seu pai não é o principal.”
Então Freud desmaiou. A explicação de Jung: “Indiretamente, ele estava
continuando sua reprovação de que eu havia riscado o nome do pai — isto é, seu
nome.”
Quando Jung negou a natureza
predominantemente sexual da libido, Freud viu isso como uma rebelião aberta. Em
1913, a ruptura foi final: Jung escreveu a Freud “que eu não poderia fazer mais
nenhum trabalho com ele se ele não desistisse dessa atitude dogmática”. Disse
Freud: “Nós nos despedimos um do outro sem sentir a necessidade de nos
encontrarmos novamente!”
O Alquimista.
Uma das questões mais controversas sobre
Jung — fora da psiquiatria — diz respeito à Alemanha nazista. Alguns de seus
escritos sobre raça foram abusados por outros por propaganda racista.
Principalmente porque ele ocupou a editoria de um periódico psicanalítico
alemão durante o regime nazista (seu coeditor em certa época era parente de
Hermann Göring), Jung às vezes foi acusado de simpatias nazistas. A posição de
Jung: como um estrangeiro de renome, ele meramente assumiu o trabalho para
salvaguardar o que podia da psiquiatria alemã.
Desde a guerra, Jung vive às margens do
Lago Zurique, tratando alguns pacientes e mantendo um olhar atento sobre o
paciente mais difícil de todos — o mundo em geral. Ele nunca parou de escrever,
revisar seus conceitos ou ampliar o escopo de suas investigações. Ele explorou
a alquimia medieval, não porque tenha interesse em seus aspectos
pseudoquímicos, mas porque a considera interessante psicologicamente: na maior
parte, ele vê os alquimistas como buscadores de experiências religiosas
originais fora dos limites permitidos da igreja medieval.
A maioria dos pacientes de Jung eram
mulheres, e ele tinha algumas coisas práticas a dizer sobre o status da mulher
no mundo moderno. Ela perdeu, ele pensa, o antigo ideal de casamento (“Ele será
teu mestre”). A tradição de que é o homem que geralmente rompe um casamento não
é mais verdadeira: “Hoje a vida faz tantas exigências ao homem que o nobre
fidalgo Don Juan não é visto em nenhum lugar, exceto no teatro. Mais do que
nunca, o homem ama seu conforto... Não há mais um excedente de energia para
subir em janelas e duelos.” A mulher, enquanto isso, fará mais do que nunca
para encontrar um marido, “por aquele desejo silencioso e obstinado que
funciona... magicamente, como o olho fixo da cobra”. À medida que homens e
mulheres adotam mais papéis e interesses tradicionalmente atribuídos ao outro
sexo, Jung pensa que um novo relacionamento entre eles está se desenvolvendo,
baseado em parceria igualitária.
Mais recentemente, em Answer to Job
(recém-publicado na Inglaterra, ainda não nos EUA), ele subitamente abordou a
proclamação papal de 1950 do dogma da Assunção da Virgem, que ele considera o
maior evento religioso desde a Reforma. Sua explicação do dogma: era, ele
argumenta, histórica e psicologicamente necessário, porque a massa de mulheres
católicas romanas (pelo menos inconscientemente) o exigia, para dar a elas um
símbolo de identificação no céu.
Dúvidas Freudianas.
Quão grande é a influência de Jung hoje?
Os freudianos, confiantes de que são os possuidores da verdade psiquiátrica
revelada, fizeram uma cruzada por seu próprio dogma e buscaram convertidos com
zelo evangélico. Jung, por outro lado, por muito tempo nem se preocupou em
criar uma escola de treinamento formal para analistas que quisessem segui-lo, e
ele ainda se recusa a buscar convertidos. Proselitismo, em seu livro, é
meramente um reflexo de dúvidas inconscientes. Somente em 1948 um Instituto CG
Jung foi estabelecido em Zurique, e Jung deu a ele pouco mais apoio do que seu
nome. Agora, ele tem cerca de 100 alunos de 14 países, incluindo os EUA,
Dinamarca, Índia. Londres, Nova York. São Francisco e Los Angeles são os
próximos grandes centros de influência junguiana; em cada um deles há um
punhado de analistas treinados pelo próprio Jung ou seus primeiros discípulos.
São Francisco tem um pequeno instituto de treinamento, e um está sendo criado
em Los Angeles. A Fundação Bollingen *⊕ está atualmente
publicando suas obras reunidas (quatro volumes publicados, faltam 14).
A influência de Jung na prática psiquiátrica,
embora muitas vezes não reconhecida, foi admitida pelo falecido A. A. Brill, um
importante freudiano dos EUA, que o chamou de “o psicanalista pioneiro em
psiquiatria”. Freud achava que a análise era útil apenas nas formas mais
brandas de doença emocional (neurose). Jung foi um dos primeiros a usá-la para
interpretar a esquizofrenia, a mais comum das psicoses mais sérias (que
preenche 300.000 leitos hospitalares nos EUA).
Os resultados do tratamento precoce por
análise foram apenas provisórios. Mas então vieram a insulina e o metrazol, e
agora, nos últimos dois anos, surgiram dois novos medicamentos, clorpromazina e
reserpina, que estão tornando milhares de casos supostamente sem esperança de
esquizofrenia acessíveis a técnicas analíticas.
O Rosto Natural.
O valor máximo das ideias de Jung ainda
não pode ser medido por padrões práticos. Sua grande conquista é que ele
mostrou à psicologia uma nova direção: ele construiu uma psicologia para seres
humanos que alcançam o desconhecido, o intangível, o espiritual. Ele atacou o
objetivo do ajuste psicológico, que é bom “para os malsucedidos, para todos
aqueles que ainda não encontraram uma adaptação”, mas que para outros significa
apenas “restrição à cama de Procusto, tédio insuportável, esterilidade infernal
e desesperança”. Mesmo que ele esteja apenas meio certo, Jung sugeriu à
humanidade uma forma de “ajuste” não apenas aos seus instintos animais e
pressões sociais, mas aos seus grandes paradoxos e suas eternas necessidades
religiosas.
Vivendo feliz em sua velha casa, cercado
por 19 netos e dois bisnetos, o velho parece a muitos de seus seguidores o caso
mais convincente em apoio às teorias junguianas. O próprio Jung alcançou a
individuação? Ele diz: “Individuação significa se tornar o que realmente se
deve ser. No Budismo Zen eles têm um ditado: ‘Mostre sua face natural.’ Eu acho
que mostrei minha face natural, muitas vezes para a perplexidade da minha
época. Sim, eu alcancei a individuação — graças a Deus! Senão eu seria muito
neurótico, sabe.”
* Freud e seus seguidores sempre
insistiram que o nome “psicanálise” pertence propriamente apenas à sua teoria e
método. Adler chamou a sua de “psicologia individual”; a de Jung é “psicologia
analítica”.
** A mandala, que
significa círculo mágico em sânscrito, é mais familiar como um auxílio à
contemplação entre budistas e outras seitas orientais. Uma mandala cristã
medieval mostra Cristo no centro, com os quatro evangelistas nos pontos
cardeais.
*† Ele disse: “Não
posso deixar que me olhem fixamente durante oito horas por dia.”
*‡ Certa vez, um
analista de Zurique teve que lidar com uma nova paciente tão tensa que parecia
não ter mera neurose, mas uma psicose inicial. Alarmado — porque a análise
nesse estágio pode desencadear uma crise psicótica — o analista foi até Jung
para pedir conselhos. O mestre ouviu os sintomas e perguntou: “Americano? Do
Centro-Oeste?” O analista assentiu. “Bem, então acho que você está bem seguro”,
disse Jung, “mas eu me preocuparia se fosse um europeu”.
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