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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2019

A um destinatário não identificado

" Suíça,  25 de abril de 1949 Prezado colega! Examinei sem profundidade o seu ensaio simbológico (1). O senhor tem boas ideias, mas falta-lhe disciplina e método científico, que são de grande importância sobretudo neste campo. Sem essas qualidades o senhor vai à deriva e não chega a resultados confiáveis. Então o assunto torna-se psicologicamente perigoso, pois o material simbólico constela o seu inconsciente; e se então o senhor não tratar o seu material de acordo com regras científicas estritas, mas apenas farejar analogias intuitivas, o seu inconsciente se dissolve ao invés de sintetizar-se. Devo alertá-lo para este perigo. Eu o aconselharia a selecionar uma determinada questão, por exemplo a configuração dos números de 0 a 9 na forma romana ou arábica, e estudar este problema com exatidão científica, evitando qualquer digressão. Recomendaria ao senhor que entrasse em contato com a Dra. R. Schärf (2) no Instituto, para que ela lhe dê as necessárias indicações metodol...

Christian Stamm (Gächlingen – Schaffhausen)

“23 de abril de 1949. Prezado senhor, Muito obrigado por sua amável carta. Gostaria de responder às suas perguntas (1) do seguinte modo: É melhor não querer afrouxar o inconsciente, mas “uma dose moderada, por ninguém será vedada” é um dito sacrossanto desde tempos imemorais. Vinho=filho da terra (Cristo, a videira, e Dioniso, o vinho, na Índia, soma). Não sei como um cego sonha as mandalas. As mandalas também são moldadas pelas mãos, dançadas e representadas na música (por exemplo, A arte da fuga de Bach; morreu enquanto trabalhava nela). Quando uma mandala é formada, tudo o que a pessoa conhece de redondo e quadrado atua junto também. Mas o impulso para essa conformação é dado pelo arquétipo inconsciente em si. Todo ser vivo sonha com individuação, pois tudo procura sua própria totalidade. Isto nada tem a ver com raça e outras coisas. Existem sonhos típicos, mas não tipos oníricos, pois o inconsciente coletivo não é um tipo, mas contém tipos, isto é, os arquétipos. O ...

Aniela Jaffé (Zurique)

Carta à Aniela Jaffé (Zurique) “Bollingen,  12 de abril de 1949. Prezada Aniela, (...) Sua carta chegou num período de reflexões difíceis. Infelizmente nada lhe posso falar a respeito. Seria demais. Também eu ainda não cheguei ao final do caminho do sofrimento. Trata-se de compreensões difíceis e penosas (1). Após longo vagar no escuro, surgiram luzes mais claras, mas não sei o que significam. Seja como for, sei por que e para que preciso da solidão de Bollingen. É mais necessária do que nunca. (...)            Eu a parabenizo pela conclusão de “Séraphita” (2). Ainda que não tivesse aproveitado em nada a Balzac desviar-se do si-mesmo, gostaríamos de poder fazê-lo também. Sei que haveríamos que pagar mais caro por isso. Gostaríamos de ter um Javé Sabaoth como kurioz twn daimonwn (3). Compreendo sempre mais porque quase morri e vejo-me forçado a desejar que assim tivesse sido. O cálice é amargo. Saudações cordiai...

Emma Von Pelet (Ascona)

Emma Von Pelet (Ascona) “Bollingen,  04 de abril de 1949. Prezada e distinta senhora! Seu presente me trouxe grande alegria. Joh. Peter Hebel é nosso poeta basileu por excelência, e eu passei toda a minha infância na foz do Wiese que H. cantou tão bem. Temo que a senhora se tenha privado de si mesma ao entregar-me esta preciosidade hereditária. Agradeço de coração. Aquilo que a senhora recebe do mundo e aquilo que a senhora responde é isto que constitui sua relação com o mundo. Isto é o “sair para o mundo”. Atualmente a senhora faz isso na dissimulação de traduções. É um trabalho tão bom quanto outro qualquer. Uma introversão fecunda é possível apenas quando há também relação para fora. Se Shanti (1) exige demais da senhora, então precisa reduzir exatamente ali, até que encontre uma medida suportável. Não deve permitir que a sobrecarreguem; seria uma fraqueza perigosa. Encontrar neste caso a medida certa também faz parte da relação com o mundo. Com agradecimento e saudações...