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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2020

Ao Dr. Emanuel Maier

To Dr. Emanuel Maier (1) The University of Miami Florida/EUA 24 de março de 1950 Dear Mr. Maier, Devo pedir-lhe desculpas pelo atraso em responder sua carta de 16 de janeiro. Estou sempre muito ocupado e sofro com a avassaladora correspondência da qual não dou conta. Conheço a obra de Hesse e também o conheço pessoalmente. Conheci o psiquiatra que tratou dele. Morreu há muitos anos. Através desse psiquiatra, Hesse recebeu algumas influências de meu trabalho (que aparecem, por exemplo, em Demian, Sidarta e O lobo das estepes). Foi mais ou menos nessa época (1916) que conheci Hesse pessoalmente. O psiquiatra era o Dr. J. B. Lang (2). Era um homem esquisito, mas extremamente culto, que havia estudado línguas orientais (hebraico, árabe e sírio) e estava particularmente interessado na especulação gnóstica. Obteve de mim um rico conhecimento do gnosticismo, que ele transmitiu também a Hesse. A partir desse material, Hesse escreveu o seu Demian. A origem de Sidarta e O lo

À Dra. Jolande Jacobi

À Dra. Jolande Jacobi Zurique, 24 de março de 1950 Prezada e distinta senhora! Estou ciente de que amanhã a senhora festeja o seu sexagésimo aniversário. Não poderia esquecer de enviar-lhe as minhas saudações mais cordiais. Mas este é um dia em que devo lembrar com gratidão todo o trabalho perseverante e abnegado que vem realizando durante esses anos todos para difundir e desenvolver as minhas ideias. Só posso esperar que sua saúde continue a sustentar sua energia característica e sua capacidade de trabalho, de modo que esta permaneça inalterada sem detrimento daquela. Neste sentido desejo-lhe também aquela sábia limitação que é uma arte a ser aprendida na sétima década. In multos annos! Com amizade perene de C. G. Jung.

Ao Dr. Raymond F. Piper

Ao Dr. Raymond F. Piper Syracuse (N. Y.)/EUA 21 de março de 1950 Dear Dr. Piper, Estou enviando as duas fotografias (1) que me pediu e também a figura de uma terceira mandala que ainda não foi publicada. Nada tenho a opor que faça uso delas. As condições sob as quais se forma uma figura de mandala no decorrer de um tratamento são muito complexas. Descrevi este processo num livro que está para ser publicado em alemão: Gestaltungen des Unbewussten (Rascher & Cie., Zurique) (2). O livro traz também uma quantidade de reproduções de mandalas, não publicadas até agora (3). Seria longo dar-lhe uma descrição completa do pano de fundo psicológico das duas figuras que se encontram no livro O segredo da flor de ouro . Tudo o que posso dizer é que o n.1 foi pintado por uma jovem senhora, nascida nas Índias Orientais, onde passou os seus primeiros seis anos. A dificuldade dela estava numa completa desorganização, provocada por sua vinda da Ásia para a Europa, para um meio co

Marie Ramondt

À Marie Ramondt Utrecht/Holanda 10 de março de 1950 Prezada e distinta senhora, Ao agradecer o gentil envio de sua separata (1), gostaria de pedir desculpas pela demora de minha resposta. Tive de pedir a outra pessoa que lesse o seu texto para mim, pois não domino bastante o holandês. Se entendi bem, a senhora defende a opinião de que o material primitivo não pode ser interpretado porque não é uma afirmação apenas da psique, mas que o meio ambiente também tem nisso uma palavra muito importante. Em certo sentido isto é correto. No primitivo o inconsciente confunde-se com o mundo externo, o que se vê claramente nas inúmeras projeções da consciência primitiva. Com referência ao primitivo não se pode falar de uma relação eu-mundo ambiente, pois não existe praticamente um eu no nosso sentido. Sua consciência é uma imersão num fluxo de acontecimentos em que o mundo externo e o mundo interno não se diferenciam claramente. Talvez eu não tenha entendido bem, mas parece-me que

Ao Dr. Edward Whitmont

Ao Dr. Edward Whitmont (1) Nova Iorque, 04 de março de 1950. Prezado colega, Li com muito interesse o escrito que me enviou. A maneira como o senhor aborda o problema do paralelismo psicofísico parece-me correta em sua essência – ao menos enquanto posso julgá-lo do ponto de vista psicológico. A dificuldade com que se defronta este problema está no seguinte: aquilo que conseguimos perceber psicologicamente nunca vai fundo o bastante para reconhecermos sua conexão com o físico. E vice-versa, o que conhecemos fisiologicamente não está suficientemente adiantado para sabermos o que poderia ser a ponte para o psicológico. Se fizermos a abordagem pelo lado psicológico, chegaremos àqueles fenômenos que eu chamei de arquétipos. Se não estiver enganado, estas formações irrepresentáveis correspondem em todo o seu comportamento aos “patterns of behaviour” da biologia, uma vez que parecem representar as formas básicas do comportamento psíquico em geral. Para saber o que estas form