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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2020

Philip Magor

To Philip Magor Londres 23 de maio de 1950. Dear Mr. Magor, Refleti muito tempo sobre sua pergunta e não sei exatamente o que poderia responder. O senhor certamente conhece a singela verdade de que a oração não é apenas de grande importância mas também exerce grande influência sobre a psique humana. Se tomarmos o conceito de oração em seu sentido mais amplo, incluindo também a contemplação budista e a meditação hindu (como equivalentes da oração), pode-se dizer que ela é a forma mais universal de concentração religiosa ou filosófica da mente e, por isso, não só um dos meios mais originais mas também mais frequentes para mudar a condição da mente. Se este método psicológico tivesse sido ineficaz, há muito teria sido extinto, mas ninguém com alguma experiência humana pode negar sua eficácia. Isto é quase tudo o que posso dizer-lhe em poucas palavras. Caso contrário, deveria escrever um tratado inteiro. Sincerely yours, C. G. Jung

Dr. Oskar Splett

Ao Dr. Oskar Splett Munique 23 de maio de 1950. Prezado Doutor, Confesso que sua pergunta (1) é bem difícil de ser respondida e peço que considere minhas observações neste sentido como mais ou menos hipotéticas. Eu também estou em dúvida se o termo “precocidade” é o correto. Acompanhando o senhor, preferiria dizer que se trata de uma espécie de “despertar” ou “increased awareness”. Observa-se este fenômeno em todos os países que foram atingidos mais ou menos diretamente pela guerra e sobretudo naqueles em que as ações bélicas e revolucionárias foram mais intensas. Contudo, o grau mais elevado verificou-se com relação às crianças abandonadas da Rússia, as chamadas “Besprisornji”. Trata-se aqui não de verdadeira maturação, mas de um despertar precoce e de uma intensificação unilateral das tendências instintivas. Se quisermos entender por maturação uma expansão da consciência ou um aperfeiçoamento da personalidade, isto seria completamente errado. Na grande maioria dos

To Roscoe Heavener, Jr.

To Roscoe Heavener, Jr. Colmar (Pensilvânia) EUA. 16 de maio de 1950 Dear Mr. Heavener, Não saberia dizer-lhe precisamente por que e sob quais circunstâncias Adler separou-se de Freud. A razão geral – conforme ouvi dizer na época – é que Freud não conseguia admitir o ponto de vista de Adler. Isto eu posso confirmar. Freud não conseguia realmente enxergar que os pontos de vista de Adler eram justificados por fatos. Escrevi diversas vezes sobre o meu desentendimento com Freud (1). A primeira coisa foi que Freud não conseguia aceitar a minha ideia de que a energia psíquica (libido) é mais do que instinto sexual e que o inconsciente não só deseja mas também superar os seus próprios desejos. Eu não podia concordar com a afirmação de Freud de que a técnica da psicanálise se identificava com a sua teoria sexual. Eu não podia concordar com sua teoria dos sonhos como realizações de desejos. Infelizmente Freud entendeu a dúvida teórica ou a crítica como ataque pessoal, mas eu

Ao Dr. Joseph Goldbrunner

Ao Dr. Joseph Goldbrunner Stockdorf bei Müchen 14 de maio de 1950 Prezado senhor, Permita-me que, na qualidade de quase conhecido e quase desconhecido, expresse meu agradecimento por sua exposição objetiva e simpática de minha psicologia (1). Há de fato poucos autores – como o senhor mesmo já deve ter percebido – que conseguiram fazer um julgamento objetivo de minhas constatações. Por isso tenho razões de sobra para agradecer o seu trabalho. Gostaria de contentar-me com uma apreciação elogiosa de seu livro, não fossem alguns pontos que me parecem merecer algum esclarecimento. O senhor indica com razão que a pessoa, segundo a minha concepção, está encerrada na psique (não em sua psique). Pode o senhor mencionar alguma ideia que não seja psíquica? Pode a pessoa adotar algum ponto de vista fora da psique? Ela pode afirmar que sim, mas a afirmação não cria um ponto do lado de fora; e estivesse ela lá, não teria nenhuma psique. Tudo o que nos toca e que nós tocamos é re

Ao Pe. Victor White

Ao Pe. Victor White Oxford 12 de maio de 1950 Dear Victor, (...) 1 O seu pensamento metafísico “postula” dúvidas minadas, isto é, pondera apenas nomes para ousiai (2) insuficientemente conhecidas. Essa é provavelmente a razão de o senhor ser capaz de integrar uma sombra mh on, ao passo que eu só consigo assimilar uma substância; pois para um pensamento “que postula”, o “não-sendo” é exatamente tanto quanto um ens ou “ on ” como “sendo”, isto é, uma existência conceitual. O senhor se movimenta no universo do conhecido, eu estou no mundo do desconhecido. Suponho ser este o motivo por que o inconsciente para o senhor se transforma num sistema de concepções abstratas. A anima lhe encobre a vista. Visto que num verdadeiro meteoro (3) (não na lúmen naturae) o atrito intensifica a luminosidade, o senhor não deveria desprezar as diferenças de opinião. Estou plenamente consciente delas. Espero que consiga arranjar as coisas para vir à Suíça quando estiver nas proximidades d