To Roscoe Heavener, Jr.
Colmar (Pensilvânia) EUA.
16 de maio de 1950
Dear Mr. Heavener,
Não saberia dizer-lhe
precisamente por que e sob quais circunstâncias Adler separou-se de Freud. A
razão geral – conforme ouvi dizer na época – é que Freud não conseguia admitir
o ponto de vista de Adler. Isto eu posso confirmar. Freud não conseguia
realmente enxergar que os pontos de vista de Adler eram justificados por fatos.
Escrevi diversas vezes
sobre o meu desentendimento com Freud (1). A primeira coisa foi que Freud não
conseguia aceitar a minha ideia de que a energia psíquica (libido) é mais do
que instinto sexual e que o inconsciente não só deseja mas também superar os
seus próprios desejos. Eu não podia concordar com a afirmação de Freud de que a
técnica da psicanálise se identificava com a sua teoria sexual. Eu não podia concordar
com sua teoria dos sonhos como realizações de desejos. Infelizmente Freud
entendeu a dúvida teórica ou a crítica como ataque pessoal, mas eu não podia
concordar com ele que seu ponto de vista estava correto. Estes foram os pontos
principais que tornaram impossível a cooperação, e esta é também a razão por
que tive de separar-me dele.
Yours sincerely, C. G. Jung.
(1) Entre
outros escritos, cf. “A divergência entre Freud e Jung”, em OC, Vol IV;
“Sigmund Freud, um fenômeno histórico-cultural (1932)” e “Sigmund Freud
(1939)”, em OC, Vol. XV. Depois disso, o capítulo “Sigmund Freud”, em Memórias.
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