Nova Iorque, 28 de
março de 1951.
Lembro-me muito bem de
quando nos conhecemos em Viena. Foi lá que assimilei, à minha própria maneira,
o seu interesse por Paracelso. Ocupei-me dele com particular interesse durante
a guerra e sobretudo com sua religio
medica, como ele a expôs em seu tratado De
Vita Longa.
Quanto à sua pergunta
(2), posso dizer-lhe apenas que permaneço firme na minha posição de outrora. Esta
questão evoluirá, mais cedo ou mais tarde, para uma questão humana de primeira
categoria, pois rapidamente nos aproximamos de um tempo em que a alimentação das
massas populacionais chegará a um limite intransponível. A Índia está em situação
tal que basta uma safra ruim para desencadear a fome; e hoje em dia, graças à higiene,
o mundo todo se multiplica de modo imperturbável. Isto não pode continuar por
muito tempo; surgirá o problema que já está na ordem do dia de todas as
sociedades primitivas, isto é, a limitação da natalidade por falta de gêneros
alimentícios. Esse problema que aí está bem visível ainda não atingiu, por
assim dizer, a consciência do grande público – e muito menos do legislador que
se caracteriza por uma cegueira toda especial. Sua iniciativa tem, pois, o meu
apoio irrestrito.
Com a consideração do
colega, C. G. Jung.
(1) Dr.
Med. Bernhard Aschner, professor de Ginecologia na Universidade de Viena. Desde
1938 exercia a profissão médica em Nova Iorque. Dr. Aschner traduziu as obras
de Paracelso para o alemão moderno a partir da edição Huser (Estrasburgo,
1589-91). Os quatro volumes foram publicados em Jena, 1926-32.
(2) Dr.
Aschner fez menção ao encontro deles no “Kulturbund” de Viena e à declaração de
Jung naquela ocasião: “Há poucas coisas que trouxeram tanto medo, infelicidade
e perversidade às pessoas como a obrigatoriedade de gerar filhos”. Perguntou se
poderia citar estas palavras na nova edição de seu livro Lehrbuch der
Konstitutionstherapie, 7ª Edição, Stuttgart 1951.
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