To Joseph L. Henderson, M.D. (1)
San Francisco (California)/EUA, 09 de Agosto
de 1952.
Dear Henderson,
Muito obrigado por sua gentil carta! Estou
contente por ter tido a oportunidade de falar com X. Y. (2). Ela está “melhor
concatenada” do que eu pensava. O equilíbrio se mantém cuidadosamente, ainda
que um pouco ansiosamente. Há muita insegurança e incerteza quanto ao caos
vulcânico na profundeza. A consciência deveria ser fortificada, uma vez que
precisa de um forte ego para contrabalançar as emoções dormentes. É grande a
incerteza se ela será capaz de livrar-se da identificação com o inconsciente
coletivo. Ela precisa de “theoria” (3), isto é, de conceitos simbólicos que lhe
darão a possibilidade de “compreender” os conteúdos do inconsciente. Eu tentaria
interessa-la por um conhecimento geral, teórico dos conteúdos básicos do
inconsciente e de seu significado para a individuação. Eu percebi um certo
brilho nela quando nossa conversa tocou temas correlatos. Quanto mais ela
souber e entender, melhores são suas chances. Deveria cuidar-se de atividades
por demais extrovertidas. Tive a impressão de que ela ainda não está congelada,
mas está “fluida”.
My best wishes,
Yours cordially, C. G. Jung
(1)Dr. Med. Joseph L. Henderson,
psiquiatra, psicólogo analítico. Obras, entre
outras: The Wisdow of the Serpent, Nova Iorque, 1963 (em coautoria com Maud
Oakes); Threshold of Initiation, Middletown, Connecticut, 1967.
(2)X.Y. era uma paciente do Dr. Henderson,
na iminência de um colapso esquizofrênico.
(3)Na alquimia, a “theoria” fazia parte do
opus ao lado do trabalho de laboratório, a “practica”. A “teoria” era uma
autêntica “filosofia hermética” pela qual deveriam ser esclarecidas as experiências
mais obscuras durante o trabalho de laboratório. Cf. Psicologia e alquimia, Vol
12, § 403, e A psicologia da transferência, Vol. 16, § 471 e 488.
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