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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2023

Ao Dr. Carl Seelig

  Ao Dr. Carl Seelig (1) Zurique, 25 de fevereiro de 1953.   Prezado senhor! Cheguei a conhecer Albert Einstein (2) através de seu discípulo, um certo Dr. Hopf (3), se não me engano. O professor Einstein foi naquela época várias vezes meu hóspede ao jantar, quando estavam presentes, uma vez, Adolf Keller (4) e outras vezes o professor Eugen Bleuler, um psiquiatra e meu chefe em tempos idos. Isto foi há muito tempo, quando Einstein estava desenvolvendo sua primeira teoria da relatividade (5). Ele tentou expor-nos, com maior ou menor êxito, os elementos fundamentos dela. Como não-matemáticos, nós psiquiatras tivemos dificuldade de acompanhar o seu argumento. Mesmo assim, entendi o suficiente para ter uma boa impressão dele. Foi sobretudo a simplicidade e retidão de seu modo genial de pensar que me impressionou profundamente e exerceu uma influência duradoura sobre o meu próprio trabalho intelectual. Foi Einstein que me deu o primeiro impulso para pensar numa possível rel...

To Prof. J. B. Rhine

To Prof. J. B. Rhine Duke University Durham (N. C.)/EUA, 18 de fevereiro de 1953.   Dear Professor Rhine, Muito obrigado por sua gentil carta (1). Infelizmente meu estado de saúde não é bom, o que não me permite muito trabalho. O trabalho que planejo sobre a PES (percepção extra-sensorial) não diz respeito ao fato em si (o senhor já fez isto com o maior sucesso), mas ao fator emocional peculiar que parece ser uma condição muito importante e decisiva do sucesso ou fracasso do experimento com a PES. Normalmente (ainda que nem sempre) os casos espontâneos de PES acontecem sob circunstâncias emocionais (acidentes, morte, doença, perigo, etc.) que despertam as camadas arquetípicas e instintivas mais profundas do inconsciente. Eu gostaria de examinar o estado do inconsciente nos casos de acontecimentos maiores ou menores que ocorrem não raras vezes com os nossos pacientes. Observei vários casos de PES em meus pacientes durante esses anos todos. A única dificuldade é encontrar m...

Au Docteur Henri Flournoy

  Au Docteur Henri Flournoy Genebra, 12 de fevereiro de 1953.   Cher Confrère, Sempre tive minhas restrições a uma autobiografia, pois nunca se pode dizer a verdade. Se a gente for sincero, ou acredita ser sincero, isto é uma ilusão ou mau gosto. Recentemente fui solicitado, por parte de americanos, a dar minha contribuição para uma tentativa de biografia na forma de entrevistas. Alguém deveria começar este trabalho após o ano novo, mas até agora nada aconteceu. Eu pessoalmente não tenho a mínima vontade de escrever um romance ou um poema sobre esta bizarra experiência, chamada vida. A mim basta tê-la vivido. Minha saúde não está bem; tenho quase 78 anos de idade – segundo Cícero o “tempus maturum mortis” (1). Lamento não poder dar-lhe uma informação mais satisfatória. Agréez, cher Confrère, l’expression de ma parfeite considération. (Aceite, caro colega, a expressão da minha perfeita consideração). C. G. Jung.   (1)“O tempo maduro para a morte”. Cher Conf...

À G. van Schravendijk-Berlage

  Baarn/Holanda, 11 de fevereiro de 1953.   Prezada e distinta senhora! Só posso confirmar sua impressão sobre a disposição geral de ajudar. Aqui na Suíça participamos intensamente da terrível catástrofe que atingiu o seu país (1). Visto superficialmente, temos de considerar esta disponibilidade de ajuda como um sinal positivo do sentimento de solidariedade humana. Mas como a senhora vê corretamente, há algo mais profundo nisso, isto é, a pressão que pesa sobre toda a Europa e o medo mais ou menos patente da possibilidade de uma catástrofe ainda maior. Historicamente considerada, a situação política atual é única, como se uma cortina de ferro dividisse o mundo em duas partes que mantêm, por assim dizer, o equilíbrio da balança. Ninguém sabe a resposta para este problema. Mas sempre que o homem se defronta com uma pergunta ou situação sem resposta, em seu inconsciente se constelam arquétipos correspondentes. A primeira coisa que isto produz é uma inquietação geral do in...