À Condessa Elisabeth Klinckowstroem (1)
Nassau/Lahn
Alemanha, Zona francesa, 02 de setembro de
1953.
Prezada Condessa!
Muito me alegrou ouvir novamente alguma
coisa da senhora após tantos anos. Também me alegrei muito por saber que gostou
de meus livros. A perda da senhorita Wolff me atingiu de fato profundamente
(2). Ela deixou em nosso meio uma lacuna impreenchível. Minha saúde está numa
base oscilante. Mas quando se tem 79 anos, nada mais causa admiração.
A filosofia oriental preenche uma lacuna
em nós, mas sem resolver o problema colocado pelo cristianismo. Como não sou
hindu nem chinês, devo contentar-me com meus pressupostos europeus, caso
contrário corro o perigo de perder pela segunda as minhas raízes. Prefiro não arriscar
algo assim, pois sei o que custa recompor uma continuidade perdida. Cultura é
continuidade. Fiquei feliz em saber que conhecem Jacobsohn. A senhora conhece
seu excelente escrito “Das Gespräch eines Lebensmüden mit seinam Ba”? (3)
Minha esposa envia-lhe saudações.
Atenciosamente, C. G. Jung
(1) A Condessa
Klinckowstroem encontrou Jung pela primeira vez em 1927, no círculo de relações
do Conde Keyserling, por ocasião de uma reunião da “Escola da Sabedoria” em
Darmstadt.
(2) C. carta a Kirsch,
de 28 de maio de 1953, nota 1.
(3) Publicado em
Zeitlose Dolumente der Seele, Estudos do Instituto C. G. Jung, Zurique, 1952.
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