Ao Dr. R.J. Zwi Werblowsky
The University
Leeds/Inglaterra, 02 de setembro
de 1953.
Prezado Doutor!
Muito obrigado pelo gentil envio
do texto de R. Gikatilla sobre os sonhos (1). A identificação de Chalom e
Cholem com Kether (2) é muito interessante, apesar de toda chulice. Quando li
isto tive que pensar na questão, levantada recentemente por um matemático, se
era possível produzir grupamentos absolutos de casualidade. De cada unidade –
enquanto unidade – devem ser feitas as mesmas afirmações. E nesta medida todas
as unidades são idênticas. A unidade é necessariamente “arch” (3) e origem de multiplicidade.
Devido à indiferenciação, o inconsciente é unidade e, por isso, arch megalh, e também indistinguível de Deus.
Compreendo que a África do Sul
não o atraia. Uma colônia é a coisa mais desagradável que se possa imaginar
hoje em dia.
Saudações cordiais, C. G. Jung.
(1) Cf. para isso Zwi
Werblowsky. O ensaio contém a tradução de um texto hebraico de Gikatilla, sobre
o sonho. Gikatilla, 1248-1305, um mestre da cabala, vincula a mística do
alfabeto, muito difundida na cabala, com a doutrina do chamado sefirot.
(2) Segundo
Werblowsky, cholem é o ponto vogal mais elevado da gramática hebraica que
representa ao mesmo tempo “a unidade de todas as possibilidades da linguagem”. Pelos
cablistas é ele coordenado com a suprema sefirá kether (coroa) que, segundo
Werblowsky, deve ser entendida como “fonte primitiva e oculta de todo ser e essência”.
Assim também o ponto vogal mais elevado, cholem, representa não só a “unidade
de todas as possibilidades da linguagem”, mas, em coordenação com kether,
igualmente a unidade do ser. Werblowsky considera como “ideia chula” o fato de
o cabalista Gikatilla ligar o termo gramatical cholem à raiz ch-l-m
(chalom=sonho, cholem=sonhador). “De acordo com Gikatilla, o sonho é uma
mistura de afluxo de kether (...), por um lado, e de elementos humanos, por
outro lado; ele é constituído de elementos arquetípicos e pessoais.
(3) O início.
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