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A mostrar mensagens de dezembro, 2023

Ao Pastor Dr. Willi Bremi

Ao Pastor Dr. Willi Bremi Basileia, 26 de dezembro de 1953.   Prezado Pastor, Sei que as obrigações de um Pastor são muitas e exigentes durante as festividades de fim de ano, por isso não esperava uma resposta tão rápida e completa de sua parte (1). Não havia realmente pressa. Foi muita gentileza sua esclarecer-me sobre a importância subjetiva que A. Schweitzer representa para o senhor (2). A virada que ele deu é deveras impressionante. Devo confessar que o niilismo nunca foi problema para mim. Tenho bastante, e mais do que o bastante, com o que existe na realidade. Por isso interessou-me no caso Schweitzer muito mais o problema que sua crítica deixou para o leigo interessado na religião, isto é, a autoridade relativizada da figura de Cristo. O que diz a teologia protestante sobre isso? Conheço a resposta de Bultmann (3). Ela não me parece plausível. Karl Barth, assim como a Igreja Católica, pode não levar em consideração este problema (e pelas mesmas razões). Lendo sua e

To Dr. Ernest Jones

To Dr. Ernest Jones Elsted nr. Midhurst, Sussex/Inglaterra, 19 de dezembro de 1953.   Dear Jones, É claro que o senhor tem minha autorização para ler as cartas de Freud (1). As cópias encontram-se nos Freud Archives em Nova Iorque. O seu material biográfico é muito interessante, ainda que tivesse sido de bom alvitre consultar-me sobre alguns fatos. Por exemplo, a história do desmaio de Freud está relatada de modo equívoco (2). Também não foi o primeiro; já teve um anteriormente, em 1909, em Bremen, antes de viajarmos para a América, e sob as mesmas condições psicológicas (3). Espero que continue a desfrutar da idade avançada. Yours very truly, C. G. Jung   (1)Confira o prefácio da editora, em Cartas I. (2)Confira a carta a Bennet, de 21 de novembro de 1953, nota 2. (3)Ernest Jones menciona esta desmaio no segundo volume de sua biografia de Freud. Este primeiro desmaio é descrito em Memórias, p. 141.  

AO Pastor Dr. Willi Bremi

  Ao Pastor Dr. Willi Bremi Basileia, 11 de dezembro de 1953.   Prezado Pastor, Receba meu sincero agradecimento pela agradável surpresa que me proporcionou com o envio de seu esplêndido livro (1). Já comecei a lê-lo com avidez e aprendi muita coisa que eu não conhecia bem ou simplesmente não conhecida. O senhor sabe dar um conspecto geral sem omitir o essencial. Até agora li quase uma terça parte. Ele é interessante e para mim especialmente cativante, como tudo que trata de nossa problemática atual. Até agora pude acompanhá-lo e aprová-lo em tudo, só com relação a Albert Schweitzer há algumas questões. Considero muito este homem e seu trabalho científico e admiro sua aptidão e versatilidade. Mas não consigo ver grande mérito em seu reconhecimento de que Cristo e os apóstolos se enganaram em sua expectativa da parusia (2) e que esta desilusão teve suas consequências no desenvolvimento do dogma eclesiástico. Isto já era sabido há muito tempo. O fato de havê-lo dito em alto e bo

To Rev. S. C. V. Bowman

To Rev. S. C. V. Bowman (1) Canterbury, Kent/Inglaterra, 10 de dezembro de 1953.   Dear Sir, O seu problema do liberium arbitrium (2) tem obviamente vários aspectos, que eu não saberia como abordar nos limites de uma carta. Só posso dizer que, até onde a consciência chega, a vontade é entendida como sendo livre, isto é, que o sentimento de liberdade acompanha nossas decisões, não importando se elas são realmente livres ou não. Esta última questão não pode ser decidida empiricamente. Onde a pessoa não está consciente aí obviamente não pode haver liberdade. Através da análise do inconsciente amplia-se o horizonte da consciência e cresce automaticamente o grau de liberdade. Uma consciência plena significaria uma liberdade e responsabilidade igualmente plenas. Se os conteúdos inconscientes que se aproximam da esfera da consciência não foram analisados e integrados, então a esfera da liberdade fica diminuída pelo fato de tais conteúdos serem ativados e ganharem mais influência comp