Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2024

A Philip Metman

  A Philip Metman (1) Londres, 27 de março de 1954.   Prezado senhor Metman, Agradeço sua amável carta, que me interessou muito. Percebi, com prazer, que o senhor sofreu um acidente de carro, mas que só a lataria foi afetada, não tendo o senhor nem sua esposa sofrido qualquer dano físico. Isto pode estar naturalmente numa conexão interna com o que o senhor escreve, pois a experiência mostra que acidentes desse tipo estão ligados muitas vezes à energia criativa e se voltam contra nós, porque não receberam a devida atenção. Isto pode acontecer facilmente, pois sempre julgamos de acordo com aquilo que já sabemos e poucas vezes prestamos atenção ao que ainda não conhecemos. Por isso podemos dar passos em direção errada, ou permanecer tempo demais no caminho certo até que se torne errado. Pode acontecer então que sejamos levados a uma mudança de atitude neste caminho um tanto rude. Pretendo examinar em breve o seu manuscrito (2), pois agora estou novamente ocupado nolens volens co

To Dr. D. Cappon

  To Dr. D. Cappon (1) Toronto/Canadá, 15 de março de 1954.   Dear Doctor Cappon, Quanto à sua pergunta sobre o substrato físico de fatos mentais como os arquétipos, este é um problema que dificilmente ouso abordar. Ele leva a toda espécie de especulações estranhas, e é exatamente isto que procuro evitar. Se dissermos que dependem dos genes, podemos não estar errados. Tudo depende deles. A mesma pergunta se coloca no caso dos instintos. onde estão localizados? No caso dos vertebrados poderíamos dizer que se baseiam no cérebro e em seus anexos, mas onde estão localizados num inseto que não tem cérebro? Pelo visto, no sistema nervoso simpático. Pode-se igualmente supor que um padrão instintivo, idêntico ao arquétipo, esteja baseado em nosso sistema simpático. Mas tudo isto é mitologia, bastante difícil de provar do ponto de vista epistemológico e tão inadmissível quanto aquelas ridículas fantasias sobre experiências psicológicas intrauterinas. Estou convencido de que nossa me

Ao Dr. James Kirsch

  Ao Dr. James Kirsch Los Angeles, EUA, 05 de março de 1954.   Prezado Kirsch, (...) A integração do inconsciente coletivo significa algo como tomada de consciência do mundo e adaptação a ele; isto não significa que deveríamos ter vivido em todos os climas e continentes do mundo. Obviamente a integração do inconsciente é sempre apenas um assunto bem relativo e atinge sempre apenas o material constelado, não a extensão teórica total. A noite escura da alma , de João da Cruz, nada tem a ver com isso (1). A integração é antes um confronto consciente, um processo dialético, como o descrevi no livro O eu e o inconsciente (2). Parece que aqui se espalhou todo tipo de névoa. Saudações cordiais, C. G. Jung.   (1)Dr. Kirsch colocou a questão se na individuação se tratava da integração do inconsciente coletivo total e se A noite escura da alma, de João da Cruz (1542-1591), descrevia uma tal integração. (2) 1928, Vol. 7/1, das Obras Completas de C. G. Jung  

Ao Dr. E. Schwarz

Ao Dr. E. Schwarz, Neustadt a. d. Weinstrasse/Alemanha, 02 de março de 1954.   Prezado doutor, O conceito de finalidade parece-me um complemento lógico da causalidade e por isso sou de opinião de que apenas os dois aspectos perfazem o todo da causalidade. Assim como a conexão causa-efeito é uma necessidade, também é uma necessidade a conexão entre a chamada causa final e o resultado. Sem necessidade não há causalidade nem finalidade, ainda que não poucos tratem hoje o conceito da causalidade de modo bem leviano. A finalidade se manifesta no caráter teleológico de fenômenos biológicos; mas no campo do inorgânico eu não saberia dizer onde entra em consideração a finalidade. Os quatro aspectos da causalidade (1) possibilitam um conspecto causal homogêneo, mas não total. Para tanto parece-me necessário que a causalidade (em todos os seus aspectos) seja confrontada com uma acausalidade. Não simplesmente porque a liberdade também é garantida num mundo preso a leis, mas porque a l