Tel Aviv/Israel, 15 de dezembro de 1955. Caro Neumann, Meus mais sinceros agradecimentos por sua comovente carta. Permita-me, em retribuição, expressar meus pêsames pela perda de sua mãe. Lamento que eu só possa escrever estas palavras secas, mas o choque que senti é tão grande que não consigo me concentrar nem recuperar a fala. Eu gostaria de ter contado ao coração que você me abriu com amizade que dois dias antes da morte de minha esposa tive o que só posso descrever como uma grande iluminação que, como um relâmpago, iluminou um segredo secular que estava incorporado nela e que exercera uma influência insondável em minha vida. Só posso supor que a iluminação veio de minha esposa, que então estava praticamente em coma, e que a tremenda iluminação e a revelação da compreensão tiveram um efeito retroativo sobre ela, e foram uma das razões pelas quais ela pôde ter uma morte tão indolor e majestosa. O fim rápido e indolor — apenas cinco dias entre o diagnóstico fina...
Zollikon – Zurique, 14 de dezembro de 1955. Prezado Professor Bohler, Muitíssimo obrigado por suas gentis cartas. A perda da minha esposa me deixou muito abalado, e na minha idade é difícil me recuperar. Sua sugestão de que eu descreva o que se faz com arquétipos é muito interessante. Em primeiro lugar, são eles que agem conosco e só depois aprendemos o que podemos fazer com eles. Solicitei ao Dr. C. A. Meier que lhe emprestasse meu Seminário de 1925, onde descrevo minhas primeiras experiências neste campo. Espero que, nesse meio tempo, este relatório do Seminário tenha chegado em segurança e lhe forneça as informações que deseja. É de importância mínima o que o indivíduo faz com arquétipos. Infinitamente mais importante é o que a história da humanidade tem a nos dizer sobre eles. Aqui abrimos o tesouro da religião comparada e da mitologia. É dos fragmentos gnósticos em particularmente e da tradição gnóstica da “filosofia” alquímica que derivamos a maior parte da in...