Zurique,
Bollingen, 29 de maio de 1951.
Prezada
Aniela,
(...)
Assim vai
indo o tempo todo: lembranças que surgem e desaparecem a seu bel-prazer. Dessa
maneira também aportou a grande baleia; refiro-me ao livro Resposta a Jó. Não
posso afirmar que já tenha digerido completamente este ato de violência do
inconsciente. Ainda rumoreja um pouco, uma espécie de vibração. Eu o percebo
enquanto vou esculpindo minha inscrição (que fez bons progressos). Então me vêm
ideias como, por exemplo, de que a consciência é apenas um órgão para perceber
a quarta dimensão, isto é, o sentido que está em tudo, e que ela mesma não
produz nenhuma ideia real. Estou bem melhor, apenas o meu sono ainda está um
pouco delicado. Não devo falar muito, nem com veemência. Felizmente aqui estas
oportunidades são raras.
Como vai
você? Espero que não se empenhe demais no Instituto. Quanto a visitá-la, não
quero fazer falsas promessas. Mas penso no caso.
Por
enquanto, saudações cordiais de C. G.
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