À Aniela Jaffé
Zurique, 29 de maio de 1953.
Prezada Aniela!
(...)
O espetáculo da natureza eterna me dá uma
sensação dolorosa de minha fraqueza e transitoriedade, e não encontro diversão
alguma em imaginar uma aequanimitas in conspectu mortis. Como sonhei certa vez,
minha vontade de viver é um daimon fogoso que torna às vezes infernalmente
difícil a consciência de minha mortalidade. Pode-se no máximo salvar a cara,
como o administrado infiel, e isto nem sempre, para que meu Senhor não encontre
coisas demais a elogiar. Mas o daimon não se importa com isso, pois a vida é no
fundo aço sobre pedra.
Cordialmente seu C. G.
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